Estilo de vida
25/05/2023 às 06:30•2 min de leitura
Uma pedra curiosa encontrada durante escavações feitas em um sítio arqueológico de Jerusalém, em Israel, serviu de recibo financeiro para transações comerciais há cerca de 2 mil anos. É o que concluiu um estudo publicado recentemente na revista Atiqot.
Achada em 2016 na Estrada de Peregrinação localizada entre a Cidade de Davi e o Monte do Templo, na cidade israelense, o fragmento foi analisado pelo arqueólogo Nahshon Szanton e a epigrafista Esther Eshel. Em um comunicado divulgado no dia 17 de maio, via Facebook, a dupla detalhou o que descobriu sobre o objeto.
Datado do início do Império Romano, o “recibo em forma de pedra” apresenta sete linhas de texto parcialmente preservadas. Além dos nomes de pessoas, as inscrições, feitas com uma ferramenta afiada, mencionam quantias em dinheiro, podendo representar pagamentos recebidos ou feitos, de acordo com o relatório.
(Fonte: Facebook/Israel Antiquities Authority)
O fragmento que preservou informações sobre prováveis transações financeiras se assemelha a outros pedaços de pedras do mesmo tipo utilizados em ossuários da região, naquela época. Esta foi uma das características que contribuiu para determinar a idade do “recibo”, assim como o tipo da escrita.
A pedra que serviu de recibo inclui vários nomes hebraicos, acompanhados de letras e números. Em uma das linhas, por exemplo, é citado o nome de um indivíduo chamado “Shimon”, seguido pela letra hebraica “mem”, enquanto nas demais linhas surgem símbolos representando números.
Como explicaram os pesquisadores, alguns destes números são precedidos por seu valor econômico e igualmente acompanhados da letra “mem” — ela consiste em uma abreviatura de “ma’ot”, que representa “dinheiro” em hebraico. Já outros numerais estão ao lado da letra “resh”, abreviação de “reva’im”, cujo significado é “quartos”.
(Fonte: Facebook/Israel Antiquities Authority)
O local em que o fragmento foi encontrado ficava em uma via com aproximadamente 600 m de extensão. Nesta área, provavelmente funcionava um antigo centro comercial do período em que Jerusalém era uma província do Império Romano.
Um maior detalhamento a respeito das origens e dos usos do recibo de 2 mil anos foi dificultado pela descoberta do artefato fora do seu contexto arqueológico original, segundo os especialistas. Ele estava em um túnel de escavação feito anteriormente na região, trabalho que aconteceu no final do século XIX, organizado pelos arqueólogos britânicos Bliss e Dickie.
Outros quatro fragmentos semelhantes ao mais recente, com inscrições hebraicas em pedras, seguidas de números, já haviam sido descobertos nas proximidades da região. No entanto, este foi o primeiro encontrado dentro do território de Jerusalém, tornando-o um “achado raro e gratificante”, segundo os arqueólogos.
Como eles afirmaram no comunicado, a descoberta do objeto oferece um “vislumbre da vida cotidiana na cidade santa de Jerusalém”, permitindo saber um pouco mais sobre como era a rotina das pessoas que residiram ali há cerca de 2 mil anos.