Arqueólogos acham as mais antigas pegadas de Homo sapiens na África

05/06/2023 às 09:002 min de leitura

Arqueólogos estão sempre em busca de novas informações sobre o passado da humanidade no planeta Terra e uma descoberta recente possivelmente nos coloca diante da pegada mais antiga de Homo sapiens que se tem notícia.

Em um artigo publicado recentemente na revista Ichnos, pesquisadores revelaram ter encontrado registros de passos de nossos ancestrais que datam de 153 mil anos atrás. Esses achados foram feitos na costa sul do Cabo, na África do Sul.

Descobertas de outros fósseis

Além das pegadas, os autores do artigo também revelam que foram encontrados sete fósseis, sendo que o mais recentemente tem 71 mil anos. Juntos deles também estavam ferramentas de pedra sofisticadas, arte, joalheira e sinais de coleta de mariscos, evidenciando que este grupo possivelmente abrigava os primeiros humanos que poderiam ser considerados "modernos".

Segundo Charles Helm, líder do estudo e pesquisador do Centro Africano de Paleociência Costeira da Universidade Nelson Mandela, podemos encontrar diversas diferenças nos sítios arqueológicos que estão presentes no continente africano, sendo os da África Oriental os mais antigos — Laetoli, na Tanzânia, tem 3,66 milhões de anos, enquanto Koobi Fora, no Quênia, tem 700 mil anos.

Pegada mais antiga de Homo sapiens marcada com giz. (Fonte: All Thats Interesting/Reprodução)Pegada mais antiga de Homo sapiens marcada com giz. (Fonte: All Thats Interesting/Reprodução)

Entretanto, os sítios que estão na África do Sul (onde acharam as pegadas que mencionamos mais acima) podem ser considerados mais jovens, e todos os rastros descobertos estão totalmente expostos em eolianitos, nome dados a dunas antigas petrificadas pelo vento ao longo dos anos.

Como determinar a idade das descobertas?

Já para explicar como o time conseguiu determinar a idade das pegadas, foi preciso analisar grãos de quartzo encontrados perto das pegadas. Dessa forma, eles conseguem estimar quanto tempo se passou desde que esses grãos foram expostos ao sol pela última vez. Porém, Helm mencionou ao site The Conversation que estimar a idade desses materiais é um dos maiores desafios ao estudar o paleoregistro.

“Sem isso, é difícil avaliar o significado mais amplo de um achado, ou interpretar as mudanças climáticas que criam o registro geológico. No caso dos eolianitos da costa sul do Cabo, o método de datação escolhido é frequentemente a luminescência opticamente estimulada”, comentou o pesquisador.

Outro ponto mencionado por Helm é que a costa sul do Cabo é um lugar perfeito para aplicar a luminescência opticamente estimulada, pelo fato de as impressões serem feitas na área molhada, seguidas de enterro com areia recente.

“Primeiro, porque os sedimentos são ricos em grãos de quartzo, que produzem muita luminescência. E segundo, porque o sol abundante, as praias largas e o transporte de areia pronto para formar dunas costeiras significam que quaisquer sinais de luminescência pré-existentes são totalmente removidos antes do evento de sepultamento de interesse, tornando as estimativas de idade confiáveis”, concluiu o arqueólogo em seu relato.

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