Cientistas têm nova hipótese sobre origem dos humanos: uma avançada miscigenação

A origem da espécie humana segue sendo um mistério. A hipótese científica mais aceita é a de que o Homo sapiens tenha surgido no continente africano, fruto da evolução natural de uma única espécie ancestral de hominídeo. Contudo, novas pesquisas incluem peças nesse quebra-cabeça que ainda não existiam, como a existência de outras populações de hominídeos na origem dos primeiros humanos.

Novas hipóteses sugerem que o Homo sapiens teria surgido do cruzamento de várias espécies ancestrais, como criaturas semelhantes aos homens de neandertal, que habitavam o hemisfério norte. Assim, teria acontecido no continente africano um processo de miscigenação semelhante ao que ocorreu na Eurásia.

Somos resultado de uma grande miscigenação?

Fonte: Getty Images

Brenna Henn, geneticista populacional do Departamento de Antropologia e do Centro de Genoma da Universidade da Califórnia em Davis e coautora principal da pesquisa explicou o tema em entrevista à revista da Universidade McGill: "Em diferentes épocas, as pessoas que adotaram o modelo clássico de uma única origem para o Homo sapiens sugeriram que os humanos surgiram pela primeira vez na África Oriental ou Austral".

"Mas tem sido difícil reconciliar essas teorias com os registros fósseis e arqueológicos limitados da ocupação humana de locais tão distantes quanto Marrocos, Etiópia e África do Sul, que mostram que o Homo sapiens foi encontrado vivendo em todo o continente desde pelo menos 300 mil anos atrás", explicou Henn.

Sendo assim, tanto a ocupação do continente pela espécie quanto suas origens podem ser diferentes das hipóteses mais aceitas atualmente.

Algoritmos computacionais têm ajudado cientistas a entenderem o passado

Fonte: Getty Images

O professor associado do Departamento de Genética Humana na Universidade McGill e coautor sênior do artigo Simon Gravel explica que sua equipe tem usado algoritmos para calcular e analisar diferentes cenários possíveis para o surgimento da espécie humana no continente africano: "Usamos um novo algoritmo para testar rapidamente centenas de cenários possíveis. Aqueles com fluxo gênico entre populações em várias partes do continente ao longo de centenas de milhares de anos forneceram uma explicação muito melhor da variação genética que vemos hoje".

Ele concluiu: "Escrevemos esse algoritmo para entender como o risco de doenças genéticas varia entre as populações e isso nos levou a um mergulho profundo nas origens humanas. Tem sido muito divertido unir a pesquisa aplicada e fundamental dessa maneira".

Dessa forma, os cientistas analisaram dados genéticos de diversos grupos que já haviam sido catalogados, como os nama (coissãs da África do Sul); os mende (da Serra Leoa); os gumuz (descendentes recentes de um grupo de caçadores-coletores da Etiópia); e os amhara e oromo (agricultores da África oriental). A esses grupos de análise também foi incluído material genético de hominídeos da Eurásia para identificar possíveis interações entre os hominídeos da antiguidade.

Até agora, não há uma conclusão do estudo. O que se sabe é que há uma nova linha de investigação sobre a origem da humanidade na Terra. Nela, o Homo sapiens seria o resultado do cruzamento de hominídeos que já foram extintos — e, talvez, a população de Homo sapiens só tenha prosperado graças a essa grande herança genética, que ainda pode estar em nosso DNA.