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23/06/2023 às 04:00•2 min de leitura
O filme Tubarão, dirigido por Steve Spielberg, foi lançado há 48 anos e inaugurou um fenômeno de culto por esses peixes cartilaginosos, principalmente ao tubarão-branco, que se tornou o vilão da história em 1975. Vistos em sequências, documentários e programas de TV, esses grandes predadores só não podem ser observados em um local: atrás das paredes de vidro de um aquário.
Não é que os grandes aquários restrinjam a presença desse tipo de peixe. Na verdade, é até relativamente fácil observar alguns tipos de tubarões em aquários. Entre os mais comumente observados, estão o tubarão-touro, o tubarão-martelo, o tubarão-de-recife, o tubarão-bambu, o tubarão-lixa e o tubarão-cabeça-chata.
O mais curioso é que a ausência do tubarão-branco, mesmo em aquários oceânicos, não ocorre por falta de tentativas. Com o sucesso do filme na década de 1970, aquários do mundo inteiro buscaram levar o “astro dentuço de Hollywood” para suas instalações, mas as tentativas foram 100% frustradas.
Fonte: GettyImages/Reprodução.
Algumas instituições mundialmente reconhecidas como o SeaWorld e o Steinhart Aquarium, nos EUA, levaram para seus tanques alguns exemplares da espécie tubarão-branco (Carcharodon carcharias) nas três décadas que se seguiram ao fenômeno da “tubarãomania”. Mas, em nenhum dos casos, o peixe durou mais do que uma semana.
Em 2004, o Aquário da Baía de Monterey se tornou o único até hoje a manter um grande tubarão-branco vivo por mais tempo — seis meses — graças a um tanque gigantesco e suporte intensivo. Mas o animal que bateu esse recorde teve que ser solto após 198 dias, depois de atacar dois “colegas”. A instituição desistiu do projeto, chamado de "Open Ocean", em 2011.
Fonte: GettyImages/Reprodução.
Embora a maioria dos animais marinhos — inclusive os próprios tubarões — consiga se adaptar até com certa facilidade à vida confinada dentro dos tanques de aquário, essa instalação pode ser mortífera para os tubarões-brancos. Isso porque nenhum aquário foi capaz de fornecer comida suficiente, nem espaço suficiente ou mesmo um ambiente livre de estresse do qual os tubarões-brancos necessitam para sobreviver.
Assim que confinados em aquários, os tubarões-brancos começam a bater nas paredes e se ferir. Em alguns casos, eles até param de nadar, o que pode ser fatal para um organismo que necessita de água fluindo pelas brânquias para extrair o oxigênio. Outro mecanismo vital, o sistema de eletrorrecepção usado pelos tubarões-brancos para detectar sinais elétricos de presas em mar aberto, também não funciona dentro de caixas de vidro.
O fato é que, independentemente do animal selvagem capturado, o cativeiro não apenas restringe o espaço e o comportamento natural das espécies, como também suas necessidades sociais. Dessa forma, é pouco provável que possamos voltar a ver um belo e assustador tubarão-branco dentro de um aquário. A espécie é considerada vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).