Ciência
11/07/2023 às 09:08•2 min de leitura
Que os antigos egípcios eram muito evoluídos em termos de ciências, você já deve saber. Contudo, talvez, você não tenha dimensão do tamanho dessa evolução. Um exemplo que poderá lhe ajudar a compreender melhor isso é o chamado “Papiro de Edwin Smith”.
Edwin Smith era um colecionador de antiguidades. Graças a ele, um importante papiro egípcio foi preservado. Após a sua morte, no ano de 1906, esse artefato foi entregue à Sociedade Histórica de Nova York, sendo traduzido apenas no ano de 1920. Isso significa que Smith nunca soube o quão importante era o papiro que esteve sob sua responsabilidade.
Ocorre que esse papiro é uma espécie de livro de medicina — e um livro muito avançado, com uma riqueza de detalhes que impressiona.
Papiro de Edwin Smith. Fonte: Wikimedia
O Papiro de Edwin Smith traz 48 casos médicos. Cada um desses casos conta com uma lista de sintomas que o paciente apresentava, possíveis causas e sugestões de tratamentos, incluindo orientações sobre cirurgias. O documento ainda informa quando esses sintomas indicam uma doença tratável e quando não é recomendado tratamento.
O rigor técnico dessa publicação ajuda a jogar luz sobre os tratamentos médicos feitos no Egito Antigo, uma vez que as pessoas podem achar que as doenças sempre eram tratadas por meio de rituais religiosos.
Na verdade, o que se percebe é que os egípcios tinham um conhecimento tão avançado sobre a medicina que foram base de estudo para os gregos, como Hipócrates, considerado o pai da medicina.
Acontece que o Papiro de Edwin Smith é muito mais velho que o pai da medicina. Hipócrates nasceu provavelmente no ano de 460 a.C. Já a publicação egípcia que pertencia a Smith foi provavelmente escrita entre os anos de 1500 e 1700 a.C.
É muito antiga, não é mesmo? Na verdade, esses conhecimentos são ainda mais velhos. Esse documento era uma reprodução. Ou seja, ele foi escrito se baseando em técnicas anteriormente publicadas. Sendo assim, o conhecimento egípcio descrito pode datar de 2700 a 2500 a.C.
O escriba, profissional que redigia documentos nessa sociedade, até incluiu no Papiro de Smith algumas notas de rodapé, com correções de escrita que ele considerou importantes para a compreensão do documento.
Hipócrates, considerado o "pai da medicina". Fonte: Getty Images
Historiadores do mundo todo tentam responder a essa pergunta, incluindo brasileiros.
O pesquisador brasileiro Wilson Oliveira Badaró explica qual era o objetivo da medicina egípcia, em um artigo publicado pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), usando como base o Papiro de Smith.
"As práticas de cura no Egito Antigo visavam restabelecer o status de boa saúde (ou próximo disso, quando possível) da pessoa tratada. Sua intenção era recuperar uma série de fraturas, feridas, traumas em geral, inflamações e luxações, dentre outros problemas relacionados ao corpo humano que podiam ser tratados ou, pelo menos, amenizadas por interventores especializados.
O objetivo de seu estudo foi justamente tentar compreender a importância dos egípcios para o desenvolvimento da medicina.