Ciência
27/08/2023 às 07:00•2 min de leitura
O lançamento do filme sobre a vida do físico Oppenheimer lançou luz sobre um tema que sempre apavorou o mundo: a possibilidade de uma guerra nuclear. Ao contrário do que muita gente pensa, as maiores potências mundiais seguem preparadas para se defender — e atacar — ao sinal da menor possibilidade desse tipo de conflito.
Recentemente, a empresa Northrop Grumman entregou ao governo dos EUA a aeronave E-6B Mercury totalmente atualizada. Esse é um dos aviões apelidados de “avião do juízo final”. Trata-se de uma aeronave com autonomia de voo de três dias — sete dias, se conseguir reabastecer. Com capacidade para 22 pessoas, o avião foi projetado para servir de base de comando no caso de ataques inimigos ao Pentágono e a Casa Branca.
Caso algo assim acontecesse, o E-6B Mercury daria ao presidente (ou à próxima pessoa na linha de comando) a possibilidade de comandar um contra-ataque diretamente dos céus. Por isso, esse avião tem uma alta capacidade de comunicação por canais de rádio, oferecendo linhas de comunicações consideradas altamente seguras e outras mais vulneráveis.
E-6B Mercury. (Fonte: U.S. Navy/Reprodução)
Pilotos e copilotos do E-6B Mercury conseguiriam enxergar o seu trajeto sem grandes dificuldades, uma vez que a aeronave conta com máscaras especiais para darem à equipe de pilotagem capacidade de visão em caso de explosões nucleares.
O E-6B Mercury é um avião que pertence à Marinha estadunidense. Ele está em serviço desde 1998 e é uma variante do Boeing 707-320. Aquele que estiver a bordo dessa aeronave poderá ordenar o lançamento de armas nucleares.
“Como parte da missão crítica de comunicações estratégicas 'Take Charge and Move Out', o E-6B opera em um amplo espectro de frequência para transmitir e receber informações seguras ou não de voz e dados. A aeronave fornece comando aéreo, controle e comunicações sobreviventes, confiáveis e suportáveis em apoio ao Presidente, Secretário de Defesa e Comando Estratégico dos Estados Unidos”, contou a empresa em comunicado à imprensa.
Uma outra aeronave criada para servir de base para comunicação do alto comando militar dos EUA, o E-4B, tem comunicação direta com o E-6B Mercury e também está em alerta constante.
“Este jato não desliga — 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, há pessoas lá atrás se certificando de que esses 42 sistemas de comunicação diferentes estejam conectados quando precisam ser usados, e eles estão constantemente mantendo isso. Eles também estão recebendo notificações, recebendo mensagens e fornecendo essas informações para a equipe de batalha”, disse o tenente-coronel Mike Shirley, comandante do 1º Esquadrão de Controle de Comando Aerotransportado, ao site Air Force Times.
(Fonte: Daniel Woolfolk/Air Force Times/Reprodução)
Pensar em um cenário em que essas aeronaves seriam usadas pode causar medo. Mas os acionistas das empresas que atuam nesse mercado não têm do que se queixar.
A Northrop Grumman, responsável pelas modernizações do E-6B Mercury, recebeu US$ 111 milhões do governo dos EUA pelo serviço. A empresa deverá faturar ainda mais em breve, pois outros aviões serão atualizados com tecnologia de ponta.
Desde o início da guerra na Ucrânia. A Northrop Grumman ganhou US$ 12,8 bilhões em valor de mercado. Ao todo, as empresas estadunidenses que atuam no mercado da guerra já ganharam mais de US$ 40 bilhões em valor de mercado.