Por que tantos países querem ir para a Lua agora?

24/08/2023 às 09:002 min de leitura

Em 1968, Estados Unidos e União Soviética pareciam estar no ápice de uma disputa para ver quem conseguiria enviar um astronauta para a Lua primeiro. A chamada "corrida espacial", no entanto, havia começado uma década antes, com ambos os países investindo quantias absurdas de dinheiro em tecnologia espacial.

Agora, décadas depois da Guerra Fria, outros países têm batalhado para conseguir levar seres humanos ao satélite natural da Terra. E qual o motivo de tamanha disputa internacional para chegar lá mais uma vez após mais de 50 anos do pouso dos astronautas norte-americanos da Apollo 11 em 1969?

Projetos ambiciosos

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Nos últimos anos, diversos países manifestaram desejo de enviar humanos à Lua nos próximos anos. A NASA, agência espacial dos Estados Unidos, está empenhada em pousar astronautas no satélite natural novamente em 2025. A missão faz parte do Programa Artemis, o qual também está se preparando para futuras expedições ao planeta Marte.

A China, por sua vez, tem planos de levar humanos à Lua até 2030. Nesse meio tempo, algumas nações estão ampliando suas missões robóticas na Lua. Recentemente, o robô Luna-25, da Rússia, retornou ao local pela primeira vez após 47 anos e já está pronto para coletar novos dados sobre a superfície lunar. A Índia é outra que tem testado novas tecnologias, esperando realizar sua primeira aterrissagem no dia 23 de agosto com seu módulo Chandrayaan-3.

Com tantas nações indo para a Lua — o que inclui uma Rússia cada vez mais agressiva —, estaria o mundo presenciando uma espécie de segunda corrida espacial? Embora a Lua explorada seja a mesma que foi tão visada durante a Guerra Fria, o objetivo principal dessa vez parece ser um pouco diferente.

Corrida do 'ouro'

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Se Estados Unidos e Rússia disputavam quem chegaria primeiro na Lua durante a Guerra Fria, dando uma demonstração pública de poderio tecnológico, a motivação atual dos países parece ser um pouco diferente. Na visão de alguns historiadores, os passos dados por diferentes países neste momento se assemelham mais a uma "corrida do ouro" do que uma corrida espacial.

Mais precisamente, também poderíamos chamá-la de "corrida do gelo". O motivo? Em 2018, cientistas descobriram gelo de água preservado nas sombras profundas e permanentes das crateras lunares. Desde então, EUA, China, Rússia e Índia têm tido como alvo partes do Polo Sul da Lua, onde esses recursos congelados estão alocados.

Essa água congelada poderia ser usada para criar combustível de foguete ou até mesmo para a fabricação de módulos lunares. As agências espaciais ainda não descobriram exatamente como utilizarão essa substância, mas o mundo todo parece querer chegar até lá por saber da existência dessa água congelada.

Embora o Tratado do Espaço Exterior de 1967 proíba nações de fazerem reivindicações territoriais sobre corpos celestes, ele ainda permite a utilização de recursos nesses locais. Logo, garantir o "domínio" da Lua tem sido considerado de grande importância política por inúmeras nações.

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