Ciência
27/08/2023 às 12:00•2 min de leitura
Em 2017, um asteroide interestelar passou pelo nosso sistema quase que despercebidamente. Ele foi batizado de ‘Oumuamua, palavra havaiana para “mensageiro de muito longe que chega primeiro”, e tinha um formato comprido — semelhante a um charuto — medindo cerca de 800 metros.
Aquela foi a primeira vez que um objeto vindo de fora do nosso sistema solar era detectado por aqui. No ano seguinte, ele chegou a ser considerado uma sonda alienígena e levantou uma importante questão: seria possível que diferentes formas de vida tenham migrado por dezenas — talvez centenas — de anos-luz até chegar na Terra? E a resposta é sim.
Tardígrados são animais que conseguem sobreviver em temperaturas que variam de -250 °C até os 150 °C. (Fonte: Getty Images)
Microrganismos extremamente resistentes, como bactérias e esporos, podem sobreviver em condições espaciais hostis — incluindo vácuo quase completo, temperaturas extremas e radiação ionizante. Essa super resistência faz com que eles sejam candidatos interessantes para se pensar em como a vida migrou através do universo.
Um dos melhores exemplos disso são os tardígrados, que apresentam uma resistência particularmente extrema. Esses micro animais podem suportar a desidratação completa — perdendo até 90% de sua água — e entrar em um estado de hibernação, onde seu metabolismo diminui significativamente. Isso possibilita que eles resistam a condições bastante adversas, como pressões elevadas, temperaturas extremas e altos níveis de radiação.
Mas, embora a capacidade de sobrevivência desses microrganismos seja impressionante, não há qualquer indício de que eles tenham se originado no espaço. O que se sabe é que eles já se provaram resistentes e poderiam suportar uma eventual jornada interestelar.
(Fonte: Getty Images)
A ideia de que a vida pode ser transportada pelo espaço interestelar em partículas microscópicas de poeira e gelo sugere que ela pode se disseminar mais do que os cientistas acreditavam. Mais do que isso, ela oferece um novo olhar para a busca por vida fora do nosso planeta. Em vez de procurar por sinais de vida apenas em planetas distantes, talvez faça sentido considerar a possibilidade dela estar presente em partículas vagantes pelo espaço.
Além disso, a pesquisa recente no campo da biologia computacional e da engenharia genética está nos aproximando de uma compreensão mais profunda da origem da vida. Os cientistas estão trabalhando em simulações computacionais da formação de moléculas complexas, reproduzindo o processo de maneira cada vez mais precisa. Eles também estão criando estruturas genômicas sintéticas, abrindo caminho para a vida sintética.
Com essas ferramentas, a possibilidade de criar moléculas complexas e compreender as origens da vida na Terra está se tornando mais próxima da realidade. Pode ser que a vida no universo seja mais comum do que pensamos e que os "alienígenas" possam ser formas de vida que compartilham a galáxia conosco desde tempos imemoriais.