Artes/cultura
30/12/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 30/12/2024 às 12:00
Um dos tecidos naturais mais utilizados na indústria da moda, a seda tem uma história milenar que literalmente ajudou a tecer as conexões econômicas, culturais e políticas no mundo antigo. No entanto, um material tão precioso, usado em roupas de alta costura, teve como origem um acidente: a queda de uma lagarta do galho de uma amoreira dentro da xícara de chá de uma imperatriz.
A descoberta ocorreu por volta do ano 2700 a.C., durante o reinado do chamado Imperador Amarelo (Huang di) na antiga China. Conta a lenda que a esposa do governante supremo, Imperatriz Leizu, tomava chá sob uma amoreira, quando uma lagarta-da-seda caiu dentro de sua xícara.
Quando tentou remover o bichinho, a soberana notou um fio brilhante e tênue que se desenrolava da lagarta. Curiosa, Leizu começou a investigar quão longo era o fio, o que a levou longe (cada fibra pode ter até um quilômetro). No final, ela acabou descobrindo como extrair os fios de seda dos casulos dos bichos-da-seda.
A princípio, a produção da seda foi um segredo de estado guardado a sete chaves e um privilégio exclusivo da China. Por volta do século 3 a.C., durante a dinastia Han, o conhecimento sobre o cultivo da amoreira e a criação dos bichos-da-seda (sericicultura) era um assunto altamente secreto e quem o revelasse poderia ser punido com a morte.
Porém, a seda se tornou em pouco tempo uma das mercadorias mais valiosas da Rota da Seda, caminhos terrestres e marítimos que ligaram o Oriente ao Ocidente de 130 a.C. até o século 15. Logo, usar roupas de seda se tornou um símbolo de status no mundo inteiro.
Segundo um relatório publicado pela empresa de pesquisa Research and Markets, a indústria da seda gerou aproximadamente US$ 22,15 bilhões em 2024 e pode chegar a US$ 35,21 bilhões anuais até 2030.
A seda continua sendo um tecido amplamente utilizado na moda e na decoração, graças à sua textura luxuosa e ao seu brilho natural. A fibra natural é empregada mundialmente na confecção de vestidos, lenços, gravatas e roupas íntimas. É usada também como itens de cama sofisticados, como lençóis e fronhas, que protegem a pele durante o sono.
Na indústria, o uso da seda serve a inúmeros propósitos diferentes, desde a fabricação de paraquedas e linhas de pesca a componentes de instrumentos médicos, como suturas cirúrgicas, graças à sua força e biocompatibilidade.
Comumente associado só à lagarta, o bicho-da-seda (Bombyx mori) se torna depois uma mariposa, que vive no máximo dez dias, mas põe entre 200 e 500 ovos.