Ciência
30/08/2023 às 14:00•2 min de leitura
Netuno, o planeta mais afastado do Sistema Solar (por que choras, Plutão?), tem despertado curiosidade devido a um intrigante fenômeno: suas proeminentes nuvens, presença constante nas imagens planetárias por décadas, agora parecem ter desaparecido de vez – ou ao menos temporariamente.
Recentemente, um grupo de cientistas apresentou uma teoria sugerindo que a responsabilidade por essa ocorrência pode ser do Sol. Os pesquisadores indicam uma possível correlação entre a cobertura de nuvens em Netuno e o ciclo solar, que oscila entre períodos de alta e baixa atividade.
A distância colossal, de mais de 4,5 bilhões de quilômetros entre Netuno e o astro-rei, não impede a influência sobre o planeta, indica a nova pesquisa. De acordo com o estudo, os raios ultravioleta emitidos pelo Sol podem estar desempenhando um papel crucial na estrutura das nuvens do nosso mais distante “vizinho de bairro”.
"É mais uma ilustração de que o nosso Sol realmente é o maior regente do Sistema Solar, alcançando até mesmo as suas regiões mais distantes", observou Grant Tremblay, astrofísico do Harvard–Smithsonian Center for Astrophysics após análise dos resultados – porém, ele não esteve diretamente envolvido na pesquisa.
Mesmo sendo o mais distante do Sol, Netuno ainda é influenciado pela estrela. (Imagem: Pixabay)
Os pesquisadores rastrearam a atividade de nuvens em Netuno entre os anos de 1994 e 2022, utilizando observações de telescópios renomados como o Hubble, o Keck e o Lick. As descobertas revelaram um padrão intrigante: a atividade das nuvens no planeta atingiu seu ponto máximo durante anos de maior atividade solar, enquanto anos de baixa atividade solar coincidiram com menor cobertura de nuvens.
A explicação para essa aparente conexão está associada ao ciclo solar, que se estende por um período de 11 anos. À medida que o sol atinge seu pico de atividade, que inclui eventos como erupções solares e ejeções de massa, sua radiação ultravioleta também atinge níveis mais altos. Isso, por sua vez, poderia desencadear reações químicas na atmosfera de Netuno, levando à formação de nuvens. Curiosamente, esse processo químico pode levar cerca de dois anos para se completar após o pico da atividade solar.
No entanto, os cientistas reconhecem que essa é uma correlação intrigante e que mais pesquisas são necessárias para estabelecer uma relação definitiva entre a atividade solar e o comportamento das nuvens de Netuno. A natureza complexa da atmosfera planetária exige uma análise mais profunda para validar essa teoria.
Com a atividade solar se aproximando de um novo pico, previsto pela NASA para ocorrer em julho de 2025, os olhos da comunidade científica estarão voltados para Netuno. Observações contínuas e análises mais aprofundadas poderiam fornecer dados cruciais para validar ou refutar essa teoria inovadora. Caso confirmada, essa descoberta não apenas expandirá nossa compreensão sobre os efeitos solares em escalas astronômicas, mas também pode lançar luz sobre a complexidade dos processos atmosféricos em planetas distantes.