Artes/cultura
31/08/2023 às 10:00•2 min de leitura
As supostas “esferas alienígenas” encontradas no fundo do Oceano Pacífico, em junho, são restos de um objeto interestelar. A conclusão é do físico da Universidade de Harvard (Estados Unidos), Abraham "Avi" Loeb, que detalhou sua descoberta em um artigo divulgado na terça-feira (29), ainda não revisado por pares.
O material recuperado por uma equipe de expedição, na costa de Papua-Nova Guiné, pertencia ao corpo celeste identificado como CNEOS 2014-01-8, também conhecido como meteoro Interestelar 1 (IM1). A rocha espacial caiu na Terra em 2014, quando já se suspeitava que ela vinha de fora do Sistema Solar.
No ano passado, o Comando Espacial dos EUA reafirmou a possibilidade de que o objeto celeste tinha origem interestelar, devido a sua velocidade e outras características. Usando a técnica de “pesca magnética”, Avi Loeb resgatou cerca de 700 fragmentos minúsculos do IM1 no fundo do mar.
(Fonte: Avi Loeb/Divulgação)
Até o momento, os pesquisadores chefiados pelo professor analisaram 57 destas esférulas. O resultado apresentou um padrão de composição de elementos químicos “nunca antes visto”, com altos índices de berílio (Be), lantânio (La) e urânio (U), além de baixo teor de rênio (Re) e outros elementos de afinidade ao ferro.
De acordo com Loeb, tais características diferem das composições de metais encontrados na Terra, na Lua e em outras partes do Sistema Solar. Assim, a análise dos detritos sugere que as esferas têm origem interestelar, com quase 100% de certeza.
“O local de nascimento do IM1 poderia ter sido uma crosta diferenciada de um exoplaneta com um núcleo de ferro e um oceano de magma”, explica o físico. Depois de definir a origem das esferas, os pesquisadores querem determinar se o material surgiu naturalmente ou foi desenvolvido artificialmente.
(Fonte: Avi Loeb/Divulgação)
Conhecido entusiasta da existência de vida extraterrestre, o cientista sugeriu que as esferas eram fruto de tecnologia alienígena. Uma das hipóteses é de que elas seriam partes menores dos destroços de uma nave espacial vinda de outro planeta.
Loeb tem histórico de especulações como esta. Uma de suas teorias mais famosas teve como alvo o Oumuamua, misterioso objeto espacial em forma de “charuto”, descoberto em 2017, que segundo o cientista era uma nave alienígena espionando o Sistema Solar — um estudo recente o classificou como um novo tipo de cometa escuro.
As afirmações de Loeb sobre a relação entre as esferas e uma eventual tecnologia alienígena não foram bem recebidas por outros cientistas. Para o astrofísico da Universidade Estadual do Arizona (EUA), Steve Desch, o público já teria se cansado das “declarações malucas” do colega.
“Está poluindo a boa ciência — confundindo a boa ciência que fazemos com esse sensacionalismo ridículo e sugando todo o oxigênio da sala”. A declaração foi dada durante entrevista de Desch ao The New York Times no mês passado, após a expedição ao Oceano Pacífico.