Artes/cultura
04/09/2023 às 02:00•2 min de leitura
O Sol, essa estrela incandescente que nos aquece a cada dia, guarda inúmeros segredos em suas profundezas. Um desses mistérios tem intrigado cientistas por anos: a origem do vento solar. Mas agora, graças às observações da sonda Solar Orbiter da Agência Espacial Europeia, estamos começando a desvendar esse enigma.
O vento solar é um fluxo constante de partículas que emana do Sol. Embora às vezes ele possa ser intensificado por explosões e ejeções de massa coronal, sua origem ainda não foi completamente compreendida. No entanto, as recentes descobertas feitas pela Solar Orbiter lançam uma nova luz sobre esse fenômeno.
Solar Orbiter investiga o Sol. (Fonte: ESA/ATG medialab / Divulgação)
Após analisar as imagens da Solar Orbiter, os cientistas detectaram minúsculos jatos de plasma, chamados de "picojatos", emergindo de buracos escuros na coroa solar — a atmosfera externa do Sol. Esses picojatos, embora sejam pequenos, efêmeros e energeticamente menos potentes do que as grandes explosões solares, possuem grande poder. Um único picojato com duração de aproximadamente um minuto contém energia suficiente para abastecer cerca de 10 mil residências no Reino Unido por um ano inteiro.
Mas como esses pequenos jatos de plasma estão relacionados ao vento solar? Os cientistas acreditam que eles podem ser a fonte de energia e matéria para o vento solar. Os picojatos são tão pequenos que só foram detectados graças às imagens de alta resolução produzidas pela Solar Orbiter. Eles parecem estar ligados aos buracos coronais, regiões na atmosfera do Sol onde o campo magnético se estende para o espaço, permitindo que o vento escape.
Os pesquisadores creem que a reconexão magnética pode ser a chave para explicar a origem dos picojatos. A reconexão magnética envolve a quebra e reconexão das linhas do campo magnético, liberando uma enorme quantidade de energia. Essa atividade é fundamental para as estrelas e pode estar criando esses minúsculos jatos de plasma.
O que torna essas descobertas ainda mais fascinantes é a possibilidade de que o vento solar não seja um fluxo constante e passivo, como se pensava anteriormente. Pelo contrário, os picojatos sugerem que o vento solar dos buracos coronais pode ser altamente intermitente (e, por consequência, mais difíceis de prever), o que desafia as concepções anteriores sobre o assunto.
Além disso, as descobertas feitas pelo Solar Orbiter revelaram algo inesperado: os picojatos estão presentes até mesmo nas áreas mais escuras dos buracos coronais. Isso sugere que esses pequenos jatos podem desempenhar um papel importante na dinâmica da coroa solar.
A sonda Solar Orbiter. (Fonte: ESA/ATG medialab / Divulgação)
Essa espaçonave incrível, a Solar Orbiter, é a sonda mais complexa já enviada para estudar nossa estrela. Equipada com câmeras de última geração e sensores avançados, ela se aproxima do Sol a menos de um terço da distância entre o Sol e a Terra, fornecendo imagens incrivelmente detalhadas e informações cruciais para os cientistas.
À medida que o Solar Orbiter continua sua missão, sua órbita será inclinada para permitir observações dos pólos do Sol, algo que nunca foi feito antes. Essa mudança de perspectiva promete fornecer informações valiosas sobre fenômenos solares, como erupções solares e ejeções de massa coronal, que afetam nosso clima espacial.