Estilo de vida
18/09/2023 às 06:30•2 min de leitura
Recentemente, uma coleção de arte rupestre pré-histórica de 24 mil anos foi encontrada numa caverna na região de Valência, na Espanha. Composta por mais de 100 imagens, a extensa variedade de gravuras e pinturas apresenta pelo menos 19 animais diferentes e atualmente é considerada a maior coleção do tipo no leste da Península Ibérica.
Os artefatos foram achados na gruta conhecida como Cova Dones, um local totalmente inesperado, na visão dos arqueólogos. Antes desta descoberta, apenas três exemplos de arte rupestre do Pleistoceno tinham sido encontrados no leste da Espanha — com a grande maioria concentrada na região de Pirenéus até a França. Entenda!
(Fonte: A. Ruiz-Redondo/V. Barciela/X. Martorell/Reprodução)
Localizada no município de Millares, a Cova Dones é conhecida pelos habitantes locais há muitos anos e é frequentemente visitada por espeleólogos e caminhantes. Contudo, foi somente em junho de 2021 que os investigadores notaram as incríveis obras de arte que adornam as paredes da gruta.
Conforme foi descrito no novo estudo, a equipe explica que outros trabalhos feitos em 2023 permitiram identificar o local como um importante santuário de arte paleolítica, dada a quantidade e variedade de artefatos ali encontrados. Além disso, as obras possuem uma riqueza de detalhes em suas características técnicas nunca vistas antes.
Até agora, os autores do estudo afirmam ter identificado "mais de 110 unidades gráficas", com a principal área decorada situada a cerca de 400 metros dentro da caverna. Entre esses desenhos, os pesquisadores notaram pelo menos 19 animais diferentes, incluindo sete cavalos, sete veados fêmeas, dois auroques, um veado macho e duas espécies não identificáveis.
O restante das imagens é composto pelos chamados "sinais convencionais", que nada mais são do que retângulos e outros formatos geográficos. Segundo os pesquisadores, os artistas antigos empregavam uma gama inesperada de métodos e habilidades, até mesmo raspando calcário na superfície das paredes para criar figuras sombreadas.
(Fonte: A. Ruiz-Redondo/V. Barciela/X. Martorell/Reprodução)
Na visão da equipe de estudo, o santuário artístico espanhol possui algumas das obras mais marcantes já vistas no país. “Esse tipo de técnica usada na caverna é rara na arte rupestre do Paleolítico e até então desconhecida no leste da Península Ibérica”, escrevem os autores.
Tão surpreendente quanto a riqueza artística dos desenhos é que a maioria das pinturas da Cova Dones foram realizadas com a aplicação de argila vermelha na parede. Normalmente, pinturas rupestres pré-históricas eram feitas com ocre diluído ou pó de manganês — de modo que o uso da argila não era algo esperado pelos pesquisadores.
Neste artigo, os autores explicaram que não é possível determinar de forma contundente a idade exata dessas obras de arte. No entanto, certas características nas paredes da caverna fornecem algumas pistas sobre quando os desenhos podem ter sido criados.
Os pesquisadores também constataram a presença de algumas marcas de urso na caverna, que se sobrepõem a algumas das figuras gravadas. Isso sugere que o animal entrou na gruta depois que os artistas já haviam concluído seu trabalho.