Ciência
18/09/2023 às 13:00•2 min de leitura
O Prêmio IgNobel foi criado pela revista de humor científico Annals of Improbable Research (em português, "Anais da Pesquisa Improvável"). O reconhecimento é concedido anualmente desde 1991 para os pesquisadores que realizaram "conquistas científicas que primeiro fazem as pessoas rir e depois as fazem pensar".
Claramente, é uma paródia ao tradicional prêmio Nobel. Confira quatro pesquisas que ganharam esta honra em 2023.
(Fonte: Getty Images)
Jan Zalasiewicz é um paleontólogo da Universidade de Leicester e recebeu o prêmio IgNobel na categoria Química/biologia por um ensaio em que tenta explicar por que os pesquisadores de sua área têm o hábito peculiar de lamber pedras.
Segundo escreveu Zalasiewicz, “molhar a superfície permite que as texturas fósseis e minerais se destaquem nitidamente, em vez de se perderem no borrão de microrreflexões e microrrefrações que se cruzam quando saem de uma superfície seca”. Ele também conta que, uma vez, lambeu uma pedra na beira de uma estrada que acabou descobrindo ser um foraminífero bem preservado.
(Fonte: Getty Images)
Chris Moulin, Nicole Bell, Merita Turunen, Arina Baharin e Akira O'Connor desenvolveram uma investigação sobre o "jamais vu" (fenômeno oposto ao conhecido déjà vu), que diz respeito à sensação fugaz de novidade ou desconhecimento de algo que já usamos muitas vezes antes.
Eles conduziram experimentos com estudantes voluntários da Universidade de Leeds, nos quais eles precisavam repetir uma mesma seleção de palavras muitas vezes para depois descrever as sensações que isso causava. Os pesquisadores descreveram o efeito como uma "saciedade semântica". Eles notaram que, muitas vezes, os participantes sentiam que as palavras perdiam o significado ou pareciam estranhas após serem repetidas tantas vezes.
(Fonte: Getty Images)
Os pesquisadores Christine Pham, Bobak Hedayati, Kiana Hashemi, Ella Csuka, Tiana Mamaghani, Margit Juhasz, Jamie Wikenheiser e Natasha Mesinkovska venceram o IgNobel de Medicina por uma pesquisa ligeiramente engraçada. Eles investigaram cadáveres para verificar se havia um número igual de pelos em cada uma de suas narinas.
O estudo foi estimulado pelo interesse dos pesquisadores na alopecia, condição caracterizada pela perda de cabelos, cílios, sobrancelhas e pelos em geral. Eles observaram que as pessoas com alopecia têm maior propensão a doenças respiratórias, o que poderia estar ligado à perda dos pelos dentro do nariz.
Por conta disso, eles fizeram um estudo com 20 cadáveres da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia. Os cientistas contaram os pelos presentes em cada uma das narinas, mas também mediram o tamanho deles. O que constataram é que, na média, temos cerca de 120 fios em cada lado de nosso nariz, que podem chegar a cerca de 1 centímetro.
(Fonte: Getty Images)
Katy Tam, Cyanea Poon, Victoria Hui, Wijnand van Tilburg, Christy Wong, Vivian Kwong, Gigi Yuen e Christian Chan venceram o IgNobel de Educação por uma investigação séria em relação aos efeitos do tédio nas salas de aula.
Inicialmente, em 2020, eles conduziram um experimento em que alunos e professores registravam em um caderno seu grau de tédio sentido em cada aula. O que eles notaram é que, quanto mais os professores descreviam estados de tédios, mais isso se repetia entre os estudantes, levando à conclusão de que tédio gera tédio.
Em 2023, eles publicaram um novo artigo descrevendo um experimento interessante: os pesquisadores queriam determinar se a mera antecipação de que uma aula seria chata se tornaria em uma espécie de profecia realizável. Por fim, notaram que, quanto mais os estudantes esperavam que uma palestra fosse chata, mais eles se entediavam logo em seguida. Ou seja: quanto mais há a expectativa do aborrecimento, mais chata uma aula será.