Ciência
22/09/2023 às 09:30•2 min de leitura
Você já ouviu falar que o petróleo é feito de dinossauros? Por mais difundida — e engraçada — que seja essa crença, ela não é verdade. Não, o petróleo não é feito dos corpos decompostos de antigos dinossauros. Então, de onde ele vem?
"Por alguma razão estranha, a ideia de que o petróleo vem dos dinossauros ficou na mente de muitas pessoas", explicou o geólogo Reidar Müller, da Universidade de Oslo, para a revista Science Norway. Mas, atenção: os personagens principais da origem do petróleo não são os grandes e finados répteis, mas sim os microorganismos.
(Fonte: Getty Images)
A teoria mais aceita acerca da formação do petróleo é conhecida como teoria orgânica. De acordo com ela, o petróleo se originou a partir da decomposição de restos de animais, microalgas e plânctons que se acumularam no leito de mares e lagos. À medida que esses microorganismos morreram, a dezenas e centenas de milhões de anos atrás, eles afundaram até o fundo do mar, onde se acumularam e foram enterrados por camadas e mais camadas de sedimentos.
Eventualmente, após milhões de anos em um ambiente de alta pressão e baixo teor de oxigênio, as algas e o plâncton foram "cozidos" e se transformaram naquele petróleo preto e pegajoso que os humanos aparentemente não conseguem resistir — apesar da ameaça de uma emergência climática. A partir daí, ele se infiltra até atingir uma rocha pela qual não consegue passar, exigindo que os humanos o perfurem ou algum outro desastre natural o liberte novamente.
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Na teoria orgânica, diz-se que vários tipos de coisas que eram vivas podem se transformar em petróleo. Especificamente, os tipos de petróleo que vêm de pedaços de plantas terrestres estão relacionados a lugares onde há muito gás. Aqui surge uma ideia errada que precisa ser explicada melhor.
Será que a energia no petróleo vem da luz solar usada pelas microalgas e depois passada para os plânctons? Não, isso está errado! Os professores Darío Solano e Iza Canales, da Faculdade de Engenharia da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), da divisão de Ciências da Terra, explicam que a energia que usamos do petróleo vem quando queimamos os organismos feitos de hidrogênio e carbono no petróleo.
"É correto dizer que a energia pode ser convertida em matéria e vice-versa, mas colocar a questão dessa maneira sugere que o fitoplâncton e o zooplâncton funcionam como células solares", explica Solano. Ele continua: "Podemos fazer uma analogia com a forma como nós, seres humanos, consumimos uma variedade de alimentos e nosso corpo os transforma, descompondo-os em nosso sistema digestivo por meio de outro processo de oxidação, a digestão, e utiliza esses componentes mais simples a nível celular", finaliza.
(Fonte: Getty Images)
Ainda há uma última incerteza sobre a teoria orgânica. Se considerarmos que os dinossauros viveram na mesma época em que o petróleo estava sendo formado, durante o período Mesozoico, surge a possibilidade de que a matéria orgânica proveniente dos dinossauros tenha se acumulado no fundo do mar ou de lagoas e passado por um processo de compressão e transformação, resultando no petróleo que conhecemos!
Os especialistas Darío Solano e Iza Canales apontam que, do ponto de vista técnico, qualquer tipo de matéria orgânica poderia participar do processo de geração do petróleo. No entanto, eles ressaltam que a formação desse óleo é um processo delicado que requer grandes volumes de matéria. As grandes quantidades de plâncton no mar são cruciais para a obtenção de volumes significativos de petróleo, sendo outras fontes de matéria menos relevantes nesse contexto.
Uma pena! Imagina que legal seria abastecer o carro com restinhos de dinossauros, não?