Ciência
22/09/2023 às 13:00•2 min de leitura
Em um novo estudo, investigadores encontraram um vírus até então desconhecido que reside na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra conhecido pelos humanos. Além dessa ser uma descoberta fascinante, os cientistas acreditam que ela é capaz de expandir nossa compreensão sobre a diversidade de patógenos nas profundezas do mar.
O vírus recém descoberto é um bacteriófago — muitas vezes chamados apenas de "fagos" —, um tipo de patógeno que infecta e se replica dentro de bactérias. Os pesquisadores acreditam que eles são os organismos mais abundantes do planeta e que onde quer que encontremos bactérias, é muito provável que também existam fagos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Uma equipe internacional de pesquisadores encontrou o fago em sedimentos da Fossa das Marianas, trazidos de uma profundidade de 8,9 mil metros. “Até onde sabemos, este é o fago isolado mais profundo conhecido no oceano global”, disse o membro do estudo Min Wang em comunicado oficial.
O ser foi batizado de vB_HmeY_H4907, o qual acredita-se representar uma nova família de sifovírus, os quais possuem DNA de fita dupla. Esses vírus infectam Halomonas, um grupo de bactérias frequentemente encontrado no fundo do mar e em fontes hidrotermais. Pesquisadores acreditam que essas bactérias desempenham um papel importantíssimo nesses habitats.
Como os fagos e as bactérias hospedeiras frequentemente coevoluem, os investigadores conduziram uma análise genômica do DNA desse novo vírus. A expectativa é que tal tipo de estudo pudesse fornecer mais pistas sobre a evolução desses seres e sobre como eles interagem com seus hospedeiros.
(Fonte: Getty Images)
Os resultados da nova análise sugeriram que o fago está amplamente distribuído no oceano, mas que também evoluiu distantemente dos vírus de referência utilizados pelos pesquisadores. Além disso, também foi constatado que esse vírus é lisogênico, o que significa que ele incorpora o seu próprio genoma no genoma do hospedeiro.
Por sua vez, isso quer dizer que, quando a célula da bactéria se replica e se divide, o material genético viral também é copiado e acaba parando nas novas células. Essa substituição de DNA pode fornecer provas de como ambos os organismos foram capazes de persistir em ambientes aquáticos tão hostis e adversos como a Fossa das Marianas.
No entanto, os cientistas também afirmam que mais pesquisas serão necessárias no futuro para examinar completamente essa possibilidade de evolução. Os autores do estudo estão planejando novas investigações para estudar mais sobre os mecanismos moleculares que impulsionam as interações entre os vírus no fundo do mar e seus hospedeiros.
Por fim, a equipe de pesquisa também quer continuar trabalhando na busca por novos vírus em outros ambientes extremos, uma vez que é pouco provável que o "vB_HmeY_H4907" seja o único exemplar existente por aí. Conhecer mais sobre esse tópico ampliaria a compreensão científica que tempos sobre os vírus e sobre a vida microbiana nas profundezas do mar e além.