Artes/cultura
26/09/2023 às 08:00•2 min de leitura
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Columbia e da Lithium Americas Corporation pode ter descoberto um verdadeiro tesouro nos Estados Unidos: a maior reserva de lítio de todo o mundo.
O lítio é um mineral amplamente usado na indústria. Seus compostos são utilizados desde na fabricação de borrachas até medicamentos. Contudo, é na produção de baterias elétricas que o metal está se destacando.
Isso porque vários setores da economia mundial estão buscando formas de emitir menos poluentes relacionados às mudanças climáticas. Dessa forma, o uso de baterias elétricas por máquinas e veículos tem demandado lítio. Em outubro de 2022, o preço por tonelada desse metal bateu recordes: US$ 74.475, mais de R$ 360 mil no câmbio atual.
Até então, a maior reserva desse minério estava localizada na América do Sul. Era no chamado “Triângulo do Lítio”, que compreende Argentina, Chile e Bolívia, onde se encontrava 60% de todo o lítio conhecido no mundo. Ainda assim, o maior produtor desse minério está na Oceania — a Austrália produz quase a metade de todo o lítio usado no mundo (46%), seguida pelo Chile (32%), China (10%) e Argentina (8%).
Mas esses dados parecem refletir o passado, já que a descoberta publicada na revista Science deve colocar os Estados Unidos como um dos maiores produtores e exportadores do minério.
Salar de Uyuni concentra uma das maiores reservas de lítio do mundo. (Fonte: Getty Images)
A reserva de lítio boliviana, localizada no Salar de Uyuni, era considerada a maior do mundo, com 23 milhões de toneladas métricas do metal. Já a reserva localizada na Caldeira McDermitt, nos EUA, pode ter até 40 milhões de toneladas métricas.
A Caldeira McDermitt é uma formação geológica de origem vulcânica. Todo esse lítio recém-descoberto está localizado em uma gigantesca cratera de vulcão e surgiu devido às suas atividades, que ocorreram há cerca de 16 milhões de anos.
Mapa mostrando a extensão da reserva encontrada nos EUA. (Fonte: Reprodução / Benson et al. 2023)
Atualmente, os EUA dependem do lítio importado, principalmente do material vindo da China. Mais do que isso, a maior fabricante de baterias elétricas para carros do mundo está na China (CATL) — que lidera esse setor. Sendo assim, havia um temor nos EUA de que a dependência por lítio fizesse com que o país ficasse para trás economicamente.
Além disso, os olhos voltados à América do Sul renderam polêmicas. Elon Musk, dono da fabricante de carros elétricos Tesla, disse em uma rede social que daria um golpe de Estado na Bolívia para ter acesso ao lítio, caso fosse preciso.
Ao mesmo tempo, Argentina, Chile e Bolívia acreditavam que a exploração do metal poderia dar grande destaque à região nos próximos anos. Todo esse cenário deve mudar agora.
A exploração de lítio na reserva da Caldeira McDermitt não promete ser tranquila. Além de minério, a região concentra reservas de água subterrâneas que poderiam ser contaminadas pela mineração. Ademais, a Caldeira McDermitt é considerada sagrada por grupos indígenas que já demonstraram serem contrários à mineração, devido ao impacto no solo e na vida dos animais.