Ciência
26/09/2023 às 12:00•3 min de leitura
Há empreendimentos que se destacam pela sua magnitude, sejam eles antigos, como as Pirâmides do Egito, construídas há mais de 4,5 mil anos; sejam obras mais modernas, a exemplo de hotel submerso localizado em Dubai.
No entanto, no meio de todas essas construções majestosas que desafiam as leis da física, há casos que não foram bem recebidos e geraram bastante controversa. E de certa, forma, eles podem ser bem úteis no sentido de tornar evidentes alguns erros que não devem ser repetidos. Confira, abaixo, 4 projetos polêmicos ao redor do mundo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O Japão é um país peculiar em vários aspectos, começando pelo fato dele estar localizado acima de três placas tectônicas. Isso já ajuda a explicar por que tanta tecnologia foi desenvolvida por lá para atenuar os riscos dessa posição desfavorável, como mostram seus prédios projetados para suportar parte dos impactos dos terremotos. Mas nem todas as soluções foram aceitas.
Após os tsunamis de 2011, a ideia de quebra-mares serem substituídos por muralhas para proteger parte das localidades afetadas foi considerada. Mas como obras com essa finalidade não mostraram ser totalmente à prova de falhas quando grandes ondas avançavam nas cidades, o projeto que defendia a presença dessas muralhas sofreu duras críticas.
A falsa sensação de segurança que proporcionam ainda foi apontada como outro desdobramento.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Myanmar (antiga Birmânia) foi assunto nas redes sociais quando vivenciava um momento bastante delicado. Isso porque o vídeo de uma professora viralizou, e o que chamou a atenção era justamente o que acontecia enquanto ela dançava: um golpe militar estava em curso no país em 2021, e o bloqueio de uma estrada que representava essa movimentação política apareceu ao fundo.
Mas a capital desse país localizado no sudoeste asiático também merece destaque em se tratando de projetos que não deram certo: Naypyidaw é uma cidade de tamanho expressivo, sendo quatro vezes maior do que Londres e seis vezes maior do que Nova York. A sua população, por outro lado, segundo fontes oficiais, beira um milhão de habitantes.
E é aí que temos um problema: quando essa localidade foi eleita para se tornar a capital, em 2005, muito dinheiro teria sido gasto para a construção de ruas, estradas — uma delas possui 20 pistas! —, além de uma grade variedade de estabelecimentos e habitações.
No entanto, boa parte dessa capital permanece vazia, fazendo com que a cidade pareça ser habitada por fantasmas e muitos duvidem das estatísticas divulgadas. Mas se focarmos apenas nos pontos positivos, há algumas possíveis vantagens: para quem aprecia a quietude, é um bom destino. Já para quem trabalha por lá, pelo menos não existem preocupações envolvendo a hora do rush.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
No Oriente Médio, o clima é considerado impiedoso, mas ainda assim, muitos investem em meios de superar os desafios impostos pelas condições adversas. Na Arábia Saudita, o governo subsidiou um projeto ambicioso que transformou uma área desértica em uma espécie de oásis agrícola na busca por reduzir a dependência das importações.
Em suma, a quantia gasta foi empregada para comprar a colheita dos agricultores a partir dos anos 1970, o que serviu para inflamar os resultados. Em questão de tempo, o país se tornou um dos maiores exportadores de trigo do mundo.
O problema é que na incapacidade de armazenar todo o trigo adquirido, toneladas apodreceram no deserto, derrubando a ideia do sucesso envolvido desse modelo de negócio e forçando o governo a mudar sua estratégia no decorrer dos anos 90. Considerando ainda que isso significava desperdiçar água, um recurso que é bastante escasso na região, a produção de grãos foi perdendo espaço para a pecuária.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
A China investiu em obras que causam espanto pela sua magnitude: a hidrelétrica das Três Gargantas, por exemplo, é a maior do mundo em termos de capacidade. E se por um lado vimos tanta expectativa envolvendo o seu potencial dominarem os debates, por outro, ainda houve quem tentasse alertar dos riscos que a obra representaria para o futuro — o que justifica o fato dela estar listada aqui.
Os danos ambientais apontados, por exemplo, incluíam a redução das chuvas, resultando em períodos de seca mais intensa, além do maior risco de doenças associadas à contaminação da água na região em que ela foi construída — previsões que se concretizaram com o tempo. Além disso, deslizamentos desencadeados por abalos em sua estrutura dão amostra de outro tipo de perigo que parecia improvável, mas já deixou vítimas fatais.
Ainda se especula que a barragem das Três Gargantas exerça certa influência sobre os terremotos. Isso porque ela está situada próxima de duas falhas geológicas, e mudanças no nível da água do reservatório, sobretudo em cenário de sobrecarga do sistema, poderiam resultar em abalos sísmicos na região.
A ideia parece improvável, mas trata-se de uma explicação que já foi relacionada aos tremores ocorridos na Califórnia, na barragem de Oroville, após o reservatório ser reabastecido, na década de 70. A região também apresentava uma falha geológica ativa. Moral da história: mesmo projetos tidos como sinônimos de sucesso ainda possuem sua cota de fracasso.