Artes/cultura
25/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
Uma pesquisa liderada por Jennika Greer, da Universidade de Glasgow, utilizou novos métodos para analisar as amostras de rochas trazidas da Lua durante a missão da Apollo 17, de 1972. Mais de 50 anos depois, o avanço tecnológico permitiu uma nova investigação que trouxe uma importante descoberta. Segundo os pesquisadores, a Lua é 40 milhões de anos mais antiga do que se pensava. A pesquisa foi publicada na revista Geochemical Perspectives Letters.
Para determinar a idade da Lua, os cientistas usaram uma nova tecnologia para a análise de amostras do mineral zirconita, ou zircão, trazido da Lua. Ele contém urânio que sofre decaimento radioativo e vira chumbo em um ritmo constante. Com isso, a proporção entre chumbo e urânio nas amostras pode determinar a tempo da formação do material.
Até então, achava-se que a lua poderia ter 4,42 bilhões de anos com uma taxa de erro de 31 milhões de anos. O problema é que não havia meios de determinar se o chumbo presente era consequência da decomposição ou se ele simplesmente estava lá.
O novo estudo analisou a zirconita com a chamada tomografia por sonda atômica. A técnica consiste na evaporação individual de átomos, permitindo identificar sua origem. Assim, foi possível descobrir que a Lua tem cerca de 40 milhões de anos a mais do que a mais antiga datação encontrada anteriormente. Isso coloca a sua formação em aproximadamente 4,57 bilhões de anos atrás, ou seja, cerca de 110 milhões de anos depois do surgimento do Sistema Solar.
Segundo os próprios pesquisadores, a descoberta indica que a Lua tem pelo menos esta idade, ou seja, há grandes possibilidades que material muito mais antigo ainda seja descoberto. Outra observação dos cientistas é sobre a importância da coleta extensiva de material e do arquivamento correto — afinal, passaram-se mais de 50 anos para que a tecnologia pudesse chegar ao ponto de fazer uma análise mais precisa.
Massa que formou a Lua se desprendeu da Terra há cerca de 4,5 bilhões de ano. (Fonte: GettyImage/Reprodução)
No início do Sistema Solar, a Terra vagava ao redor do Sol como um planeta jovem, sem um satélite. A teoria mais aceita é que em algum momento, há cerca de 4,5 bilhões de anos, um corpo do tamanho de Marte atingiu a Terra. A força do impacto fundiu as formações e o planeta foi coberto por um oceano de magma.
O impacto também fez uma pequena massa (comparado ao tamanho da Terra) se soltar e entrar em órbita. Ao longo de milhões de anos, o magma dessa rocha foi esfriando e a Lua ganhou o formato que conhecemos.
O endurecimento do magma ocorreu em diferentes períodos, formando diferentes partes do manto e da crosta do satélite. Encontrar as amostras de minerais desses períodos permite datar com mais precisão a idade da Lua e, de certa forma, entender melhor a história do Sistema Solar.