Artes/cultura
29/10/2023 às 13:00•2 min de leitura
No espaço, existe uma infinidade de astros, planetas e galáxias que desconhecemos. E a mesma premissa vale para a órbita da Terra, que está ocupada por muitos objetos que sequer exploramos. Um asteroide que supostamente teria sido "expulso" da Lua figura entre eles.
Batizado de Kamo'oalewa, trata-se de um quase-satélite, ou seja, ele ocupa uma classificação para lá de distinta: assim como a Terra, ele também gira em torno do Sol, mas possui órbita ligada com a do nosso planeta e não se afasta muito dele.
Ele foi descoberto em 2016, possui em torno de 40 a 60 metros de comprimento e apresenta uma órbita consideravelmente estável. O interesse sobre o Kamo'oalewa tem ganhado maiores proporções desde então, de modo que a China está até investindo em uma missão para que uma nave pouse em sua superfície em 2025.
(Fonte: Getty Images)
O Kamo'oalewa pode ser observado no céu durante um pequeno período do ano, e devido a sua dimensão reduzida, exige que sejam utilizados telescópios mais robustos para tal. Ainda não sabemos muito sobre esse quase-satélite.
Em 2021, um estudo publicado na Communications Earth and Environment relevou que o espectro do Kamo`oalewa era diferente dos asteroides já estudados até então. Ao buscar por correspondências, cientistas relacionaram a sua aparência com a das rochas presentes na superfície lunar.
A teoria formulada a partir disso é que uma vez que a Lua colidiu com um meteorito, o asteroide foi ejetado da sua superfície. Não se trata de algo raro, dado que esse tipo de impacto realmente faz com que a Lua libere pedaços de objetos no espaço. Muitos deles, inclusive, caem de volta na própria lua ou se transformam em meteoros e se chocam com a Terra.
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, também publicado na revista citada acima, ao analisar a probabilidade envolvida nesse tipo de fenômeno, oferece uma visão de como isso aconteceria.
(Fonte: Getty Images)
A simulação numérica proposta estipula que existiam 6,6% de possibilidade do fenômeno resultar num estado co-orbital e 0,8% de chance se tornar um quase-satélite, e ainda assim foi o que ocorreu.
Provar que realmente se trata de um pedaço da Lua não vai apenar confirmar que a sua existência nos moldes atuais pode desafiar as probabilidades mais remotas, uma vez que ele orbita ao redor do Sol, mas também vai oferecer uma oportunidade de indicar a idade do Kamo'oalewa.
Para Aaron Rosengren, que é um dos principais autores do artigo, "elementos deste corpo espacial podem nos fornecer informações sobre a formação da lua e melhorar nosso conhecimento sobre asteroides próximos ao planeta."
Isso porque, nunca é demais lembrar, o estudo de quase-satélites se mostra bastante importante para atenuar riscos de colisões com a Terra num cenário em que escapem de suas órbitas, o que é algo plausível de ocorrer em uma determinada janela de tempo.