Estilo de vida
05/11/2023 às 04:00•2 min de leitura
O núcleo de Marte parece não ser tão grande e pouco denso quanto os cientistas imaginavam. Dois novos estudos, publicados na revista Nature, trazem um olhar diferente a respeito da parte interna do nosso vizinho espacial, sugerindo que ele é menor e coberto por uma camada de silicato derretido.
Realizadas com base nos dados obtidos pela sonda InSight da NASA, que chegou por lá em 2018, as pesquisas encontraram evidências de que o núcleo marciano é 30% menor do que as estimativas anteriores. Análises feitas em 2021 apontavam um diâmetro de 3.600 km.
(Fonte: IPGP/CNES/Henri Samuel/Divulgação)
Com as atualizações, os autores acreditam agora que ele tenha diâmetro variando de 3.300 km a 3.350 km. Além disso, se mostrou com uma maior densidade, apresentando entre 9% e 14% de elementos mais leves na sua composição.
A diferença em relação ao cálculo anunciado há dois anos foi causada principalmente pela presença da camada de silicato derretido sobre o núcleo de Marte. Até então desconhecida, essa cobertura de rocha macia possui cerca de 150 km de espessura, como afirma um dos estudos.
A descoberta da camada de rochas derretidas pode ajudar a esclarecer algumas dúvidas, como em relação à ausência de um campo magnético forte no Planeta Vermelho. Coautor de um dos artigos, o professor de geologia da Universidade de Maryland (Estados Unidos), Vedran Lekic, a comparou com uma manta de aquecimento.
De acordo com ele, a camada isola o calor que vem da área interna do planeta e evita o seu resfriamento, ao mesmo tempo que concentra elementos capazes de gerar calor ao serem decompostos. Com isso, os movimentos de convecção, responsáveis por criar o campo magnético, acabam não sendo produzidos.
(Fonte: Getty Images)
Apesar disso, a crosta marciana apresentou atividade magnética em seus primeiros 500 milhões a 800 milhões de anos. Isso pode ter sido fruto de impactos com objetos celestes ou de interações gravitacionais com antigos satélites naturais já desaparecidos.
Vale ressaltar que o outro estudo, liderado pelo cientista planetário do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, Amir Khan, concluiu que a camada é menos densa e possui menor quantidade de oxigênio e enxofre. Para ele, tal característica alimenta o vulcanismo em Marte, ajudando a formar a enorme estrutura da região de Tharsis.
Embora tenha sido fundamental para desvendar os mistérios sobre o núcleo marciano, a sonda InSight não está mais em uso. Ela parou de funcionar em 2022, após seus painéis solares serem cobertos pela poeira marciana, bloqueando o fornecimento de energia para os instrumentos.
Neste trabalho, ela permitiu mapear as atividades sísmicas em Marte a partir das quedas de rochas espaciais. Os dados obtidos pelo equipamento podem abrir o caminho para futuras missões de pesquisa sismológica no Planeta Vermelho e em outras partes do Sistema Solar.