Estilo de vida
31/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
As erupções de raios gama (GRB) são explosões extremamente energéticas. Elas podem ser vistas em galáxias distantes e estão entre os fenômenos mais luminosos conhecidos no universo. De modo geral, uma GRB ocorre quando duas estrelas se colidem, mas também é possível observá-las como consequência de uma supernova.
A energia liberada por uma erupção de raio gama é tão grande, que o único evento energético conhecido que as superou foi o Big Bang — é superior, inclusive, à toda a energia já liberada pelo Sol, desde a sua origem. Aqui da Terra, é possível identificá-las através dos potentes flashes de raios gama que elas emitem, que podem variar de segundos a horas. E em março deste ano, foi detectada a segunda GRB mais poderosa já registrada.
Ilustração de uma GRB. (Fonte: Wikimedia Commons)
Astrônomos do Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi da NASA observaram um fenômeno de proporções gigantescas. Na verdade, sua potência foi tão grande, que chega a ser difícil dimensioná-la, como comentou Michael Fausnaugh, coautor de um estudo publicado na Nature, em outubro deste ano, sobre o fenômeno.
“Descrever o quão brilhante foi pode ser uma tarefa difícil devido à intensidade do brilho”, explicou Fausnaugh. “Na astronomia de raios gama, geralmente contamos fótons individuais. Mas neste caso entraram tantos fótons que o detector não conseguiu distinguir os individuais. Foi como se ele tivesse atingido o máximo”.
O flash não só foi extremamente brilhante, mas durou 200 segundos – 100 vezes mais do que a maioria dos GRBs produzidos por fusões de estrelas de nêutrons. Os GRBs recebem o nome da data em que foram descobertos: os dois primeiros dígitos são o ano, seguidos do mês de dois dígitos e do dia de dois dígitos e uma letra com a ordem em que foram detectados naquele dia. Este recebeu o nome GRB 230307A, e a letra 'A' no final é porque ela foi identificada a partir da primeira rajada de flash.
Painéis solares feitos de telúrio apresentam algumas das maiores eficiências para geradores de energia solar.
Além de ter sido um dos fenômenos mais energéticos já registrados, esta GRB também possibilitou que fossem captadas pela primeira vez as linhas espectrais do telúrio — uma espécie de “impressão digital” dos elementos químicos.
O telúrio é um metal pesado, mais raro que a platina aqui na Terra, mas que os astrônomos acreditam ser bastante comum em todo o universo. Uma das teorias mais aceitas é que a formação do telúrio acontecia a partir das colisões de estrelas de nêutrons.
Com o registro feito desta GRB, foi possível ter a primeira confirmação desta teoria. A equipe estima que a explosão produziu uma quantidade de telúrio equivalente a cerca de 300 vezes a massa da Terra, além de outros elementos relacionados como o iodo.
“Esta descoberta é um grande passo na nossa compreensão dos locais de formação de elementos pesados no Universo e demonstra o poder de combinar observações em diferentes comprimentos de onda para revelar novas percepções sobre estas explosões extremamente energéticas”