Estilo de vida
06/11/2023 às 12:00•2 min de leitura
Cientistas da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (UIUC), nos EUA, exploraram os possíveis efeitos da ocorrência de uma quilonova perto da Terra. Raríssimo, o fenômeno resulta da colisão de duas estrelas de nêutrons, e poderia em tese produzir uma explosão de raios-gama capaz de eliminar a vida em nosso planeta.
De acordo com a líder da equipe e cientista da UIUC, Haille Perkins, "Descobrimos que, se uma fusão de estrelas de nêutrons ocorresse a cerca de 36 anos-luz da Terra, a radiação resultante poderia causar um evento de nível de extinção", explicou ela ao Space.com. Isso porque os raios cósmicos espalhados pela quilonova, deixariam o nosso planeta vulnerável aos raios UV por milhares de anos.
Esse tipo de fusão é um dos fenômenos astronômicos mais espetaculares do universo, visto que as duas estrelas de nêutrons que entram em rota de colisão são os remanescentes densos e altamente compactados de estrelas massivas que explodiram em supernovas. O resultado é uma única estrela de nêutrons maior, que libera uma quantidade gigantesca de energia, em forma de ondas gravitacionais, raios gama e explosões de luz.
Para confirmar suas hipóteses nesta pesquisa, a equipe observou uma fusão de estrelas de nêutrons real, registrada através do sinal de onda gravitacional GW 170817, captado pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO) em 2017, como resultado da explosão de raios gama GRB 170817A, semelhante à mostrada acima.
Essa quilonova, a única até agora observada na radiação eletromagnética e ouvida em ondas gravitacionais, ocorreu a cerca de 130 milhões de anos-luz de distância da Terra, o que a tornou uma candidata natural para esse tipo de evento extremo.
O aspecto mais ameaçador observado pelos pesquisadores foi o processo chamado ionização, pelo qual os raios gama da fusão retiram os elétrons dos átomos, potencialmente "matando" a camada de ozônio da Terra.
(Fonte: Getty Images)
Avaliando a ameaça geral aos planetas semelhantes à Terra, o estudo concluiu que "eles têm uma distância de morte semelhante às supernovas", mas nem tudo está perdido, pois as quilonovas são muito menos comuns.
Entrevistada pelo Space.com, Darach Watson, cientista do Centro de Aurora Cósmica do Instituto Niels Bohr, que não participou desta pesquisa, ponderou que, "no geral, é provável que isso seja mais uma ameaça para planetas em galáxias antigas onde a formação estelar terminou, e não tanto para a Via Láctea".
Para a autora do estudo, o fato de existir apenas uma única detecção de potencial quilonova entre as 100 bilhões de estrelas da Via Láctea faz com que observações multimensageiras (de diversas fontes) sejam necessárias para esclarecer os reais perigos representados pelos eventos analisados.
Ainda não revisada por pares, a pesquisa “Uma quilonova poderia matar: uma avaliação de ameaça” está hospedada no repositório de preprints arXiv.