Artes/cultura
09/11/2023 às 06:30•2 min de leitura
Tal como as pirâmides, a Grande Esfinge de Gizé é outro monumento egípcio envolto em diversos mistérios que têm mantido arqueólogos ocupados durante séculos. No entanto, novos estudos sugerem que a criação dessa belíssima e imponente escultura talvez não tenha sido tão complicada quanto acreditávamos.
Depois de replicar as condições climáticas que existiam na época em que o monumento foi construído, os autores do estudo descobriram que a forma básica do marco pode ter sido moldada pela erosão. Portanto, os humanos só teriam tido o trabalho de esculpir os detalhes mais sutis até finalizar a obra.
(Fonte: GettyImages)
Em comunicado oficial, o pesquisador da New York University (NYU) Leif Ristroph destacou que os estudos recentes fornecem uma possível história de origem para várias outras formações semelhantes à Esfinge. "Nossos experimentos de laboratório mostraram que formas surpreendentemente semelhantes às da Esfinge podem, de fato, vir de materiais que estão sendo erodidos por fluxos rápidos de vento", disse.
Os autores do estudo foram inspirados a conduzir seus experimentos depois de observarem que os desertos ao redor do mundo estão repletos de formações rochosas incomuns, chamadas "yardangs". Formadas pela erosão eólica, os yardangs costumam ser aproximadamente semelhantes em forma e proporção à Grande Esfinge.
Isso levou à hipótese de que a icônica estátua egípcia poderia ter começado como um yardang natural que os antigos egípcios passaram a imaginar como uma criatura mítica com cabeça de humano, corpo de leão e asas de águia. Logo, em vez de construir a Esfinge do zero, os criadores do monumento poderiam simplesmente ter aperfeiçoado uma obra natural do deserto.
(Fonte: Wikimedia Commons)
De acordo com Ristroph, atualmente existem yardangs que de fato se parecem com animais sentados ou deitados, o que fornece apoio às conclusões de que os antigos egípcios teriam se beneficiado da erosão no deserto para a construção da Grande Esfinge de Gizé. Na tentativa de provar a credibilidade desta teoria, os autores do estudo imitaram o terreno de Gizé construindo montes de argila macia com material mais duro e menos erosivo embutido no seu interior.
Essas estruturas, então, foram colocadas dentro de um túnel de água, o que foi feito para reproduzir os ventos predominantes do nordeste do Egito. Observando os efeitos da erosão nos "yardangs" em miniatura, os investigadores constataram que "um monte inexpressivo de argila se transformou num leão majestoso". À medida que a água em movimento rápido arrancava a argila, os materiais mais resistentes assumiam a forma de uma cabeça cilíndrica, que criava então uma "sombra do vento" protegendo seu corpo.
As costas curvadas da criatura foram esculpidas por um "rastro turbulento", enquanto um fluxo acelerado de água abaixo da cabeça moldava o pescoço, os membros anteriores e as patas da besta mitológica. “As formas inesperadas vêm da forma como os fluxos são desviados em torno das partes mais duras ou menos erodíveis”, disse Ristroph.
Por fim, os pesquisadores concluíram que esses resultados mostram o que os povos antigos possivelmente encontraram nos desertos do Egito, algo que facilitaria o projeto da criação de monumentos tão mirabolantes em comparação com as ferramentas existentes naquela época.