Ciência
13/11/2023 às 02:00•2 min de leitura
A Pangeia foi um imenso continente que se formou na Terra há cerca de 200 milhões de anos, no final da era paleozoica. Naquela época, o planeta testemunhou várias extinções em massa que eliminaram uma enorme quantidade de espécies. A gigantesca massa continental abrangia os atuais territórios das Américas, Europa, África, Oceania, Ásia e Antártida, todos grudados, em uma massa contínua de terra.
Apesar dessa unidade global, tanto o supercontinente como o seu oceano único, chamado de Panthalassa ficavam assentados, como ocorre hoje, na litosfera, que é uma casca fina e rígida da Terra. Essa crosta planetária flutua sobre uma camada de rocha derretida e parcialmente derretida, a astenosfera, no que é chamado de teoria da tectônica de placas.
Ao longo de centenas de milhões de anos, a separação gradual e os movimentos das placas tectônicas despedaçaram a Pangeia, fragmentando-a em continentes individuais. À medida que as placas se afastaram, novos oceanos se formaram, e a colisão de continentes resultou na formação de cadeias de montanhas.
(Fonte: Getty Images)
Se essa subducção (movimento das placas tectônicas) não tivesse ocorrido, provavelmente a Pangeia estaria unida até hoje, e teríamos um mundo bem diferente do que temos. O efeito mais instantâneo seria uma menor diversidade de espécies vegetais e animais, inclusive com menos dinossauros na face da Terra.
“O isolamento geográfico aumenta a diversidade biológica”, explica o paleontólogo Reinaldo Bertini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, em entrevista à Superinteressante. Mas, se Pangeia continuasse unida, teríamos menos habitats e nichos ecológicos para as espécies se adaptarem.
Com uma biodiversidade menor, a vida na Terra ficaria mais vulnerável. Não podemos esquecer que, há 65 milhões de anos, o choque com um asteroide levantou uma grande nuvem de poeira que bloqueou o Sol e eliminou grande parte das plantas, o que foi suficiente para matar os dinossauros. Imaginem então o tamanho da tragédia se Pangeia estivesse unida na ocasião.
(Fonte: Getty Images)
Em uma Pangeia unificada, o clima seria certamente mais extremo e seco. Com vários continentes nos dias atuais, os ventos úmidos que sopram do litoral conseguem levar a chuva ao interior dos países. Mas, em um supercontinente, haveria uma faixa de terra tão extensa, que o centro nunca receberia ventos oceânicos.
Certamente, essa Pangeia fictícia abrigaria um maior número de desertos, e eles seriam mais extensos e inóspitos do que o Saara e o Atacama. Nesse cenário, o Brasil seria tão árido quanto países como a Arábia Saudita, o Sudão e a Líbia. A Amazônia não existiria e a concentração de espécies ocorreria no litoral.
A história, como acontece hoje, seria ambígua. Uma maior proximidade geográfica entre as civilizações aumentaria as chances de contato e comércio, mas também o número de conflitos e guerras por territórios e recursos materiais.