Organismo de 450 milhões de anos volta à vida como robô

14/11/2023 às 09:002 min de leitura

Usando evidências fósseis, um grupo de pesquisadores têm planejado uma réplica robótica suave dos pleurocistídeos, organismos marinhos que existiram na Terra há 450 milhões de anos. Acredita-se que esses organismos sejam um dos primeiros equinodermos capazes de se mover por meio de uma haste muscular.

O experimento faz parte de um campo de estudo crescente: a paleobiônica. Utilizando softwares modernos, robótica com eletrônica flexíveis e materiais maleáveis, os investigadores pretendem compreender os fatores biomecânicos que impulsionaram a evolução das espécies — fazendo o uso de organismos extintos para extrair novas informações.

Aprendendo sobre o passado

(Fonte: Carnegie Mellon/Divulgação)(Fonte: Carnegie Mellon/Divulgação)

Em declaração oficial, o autor do estudo e professor de engenharia mecânica na Universidade Carnegie Mellon, Phil LeDuc, destacou que o uso dos chamados "softbotics" pode ajudar a imitar como esses organismos realmente funcionavam. Usando simulações computacionais, LeDuc e sua equipe deram vida ao pleurocistídeo, um organismo marinho que existiu há quase 450 milhões de anos. 

Os pleurocistídeos, um membro da classe dos equinodermos como peixes-estrela e ouriços-do-mar, foram um dos primeiros equinodermos capazes de se mover usando uma haste muscular. Apesar da ausência de um análogo atual, isso fez com que a espécie se tornasse alvo de muito interesse por parte dos paleontólogos devido ao seu papel fundamental na evolução de seu grupo.

A equipe utilizou algumas evidências fósseis para orientar seu projeto, uma combinação de elementos impressos em 3D e polímeros para imitar a estrutura colunar flexível do apêndice móvel durante a construção do robô. Por meio desse molde, eles demonstraram que os pleurocistídeos provavelmente eram capazes de se mover sobre o fundo do mar com a ajuda de uma haste que os empurrava para frente e determinava quais movimentos amplos eram mais eficientes. 

Design curioso

(Fonte: Phil LeDuc/Divulgação)(Fonte: Phil LeDuc/Divulgação)

De acordo com os investigadores, os testes realizados no modelo robótico também mostraram que o comprimento das hastes era fundamental na movimentação dessas criaturas. Afinal, quanto maior o comprimento da haste, maior a velocidade que essas criaturas conseguiam obter debaixo d'água sem forçá-las a exercer mais energia.

“Essencialmente, temos que decidir sobre boas estratégias de locomoção para colocar nossos robôs em movimento. Por exemplo, um robô estrela-do-mar realmente precisaria usar 5 membros para se locomover ou podemos encontrar uma estratégia melhor?”, destacou o coautor do estudo, Zach Patterson. Uma das maiores questões remanescentes sobre os pleurocistídeos é como o tipo de superfície em que viviam afetava o seu modo de locomoção, seja areia ou lama.

Agora que os pesquisadores conseguiram demonstrar o uso da robótica para projetar organismos extintos, o próximo passo deve ser testar essa tecnologia com outras espécies — como os primeiros organismos capazes de viajar do mar para a terra. Segundo LeDuc, trazer uma nova vida a algo que existia há quase 500 milhões de anos é especialmente emocionante pela quantidade de informações sobre como a vida foi se moldando na Terra que podemos extrair dessa experiência. 

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