Substância usada em cálculos químicos há décadas não existe e choca cientistas

14/11/2023 às 12:002 min de leitura

O trabalho dos químicos não é fácil. Esses profissionais precisam lidar com partes dos elementos químicos que são minúsculas, como é o caso dos seus átomos — e você já sabe, pelas aulas de química, que ele são uma das unidades básicas da matéria.

Sendo assim, os cálculos realizados pelos profissionais de química devem ser muito precisos, caso contrário, eles não terão o resultado desejado.

Nem sempre nos damos conta, mas essas pesquisas são feitas diariamente por muitas empresas, afinal de contas, várias soluções que usamos em nosso dia a dia vêm de reações químicas.

Para você ter uma ideia, a indústria química brasileira movimenta cerca de R$ 160 bilhões ao ano e responde, sozinha, por 10% do PIB do nosso país, segundo dados da Abiquim. Portanto, erros nos cálculos dessas empresas podem representar prejuízos consideráveis.

O problema é que pesquisadores australianos jogaram uma notícia fascinante sobre os profissionais desse mercado, descobrindo que um cálculo importante estava sendo feito de maneira incorreta há anos.

Cálculo comprometido

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Em 2018, um time de químicos australianos tentava buscar uma solução para a indústria de mineração. O objetivo era reduzir a emissão de mercúrio na produção de alumina, um material usado como abrasivo pela indústria.

Os profissionais realizaram uma série de cálculos e todos eles consideravam o que a literatura científica já havia comprovado como certo. Acontece que eles descobriram que havia um erro grave nessa história toda: os cálculos consideravam a presença de um íon específico, o sulfeto (s2-) em sua forma aquosa (aq), ou seja, dissolvida em água.

Acontece que, neste ano, os pesquisadores não conseguiram encontrar esse íon nos testes realizados com feixes de luz. Na verdade, eles descobriram que esse íon não existe como a literatura química havia afirmado existir.

Isso quer dizer que durante décadas muitos cálculos foram feitos de forma errada, pois consideravam a existência de algo que nunca existiu — e essa descoberta conseguiu mudar a maneira como os químicos calculam determinadas fórmulas dentro da indústria.

“Um problema químico simples que desafia o melhor que a instrumentação moderna pode oferecer é raro hoje em dia. Uma desventura generalizada e contínua na ciência é ainda mais rara. No entanto, ambas aconteceram durante a suposta existência da espécie química s2- (aq)”, afirmou em um comunicado o professor australiano Dr. Darren Rowland, da Faculdade de Engenharia e Ciências Matemáticas da UWA.

Segundo ele, cálculos simples estariam sendo feitos de forma errada há pelo menos 30 anos. O estudo australiano foi publicado na revista científica Chemical Communications.

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