Estilo de vida
20/11/2023 às 12:00•2 min de leitura
Milhares de terremotos abalaram a pequena cidade islandesa de Grindavík nas últimas semanas. Esses abalos sísmicos também desencadearam evacuações em massa e avisos de que uma erupção vulcânica pode ser iminente na região. Isso fez até mesmo com que a Blue Lagoon — um espaço muito turístico — fosse fechada por precaução.
Mesmo que a ideia da ascensão de magma fosse assustadora para turistas, os residentes da Islândia aprenderam a conviver com a geologia hiperativa da sua ilha ao longo dos séculos. Porém, o que faz a Islândia ser tão vulcanicamente ativa? Segundo pesquisadores, existem algumas explicações para isso.
(Fonte: Getty Images)
Quando a teoria das placas tectônicas surgiu na década de 1960, os geólogos perceberam que muitos vulcões estão localizados em zonas onde as placas tectônicas se encontram. Elas nada mais são do que pedaços gigantescos da camada externa rígida da Terra que carregam continentes e oceanos, sem contar que estão em constante movimento.
As placas tectônicas também cobrem o planeta como grandes peças de um quebra-cabeça esférico. Muitos desses vulcões estão em zonas de subducção, como o chamado "Anel de Fogo do Pacífico", onde as placas oceânicas mais finas afundam lentamente no manto da Terra. Devido ao seu elevado teor de gás, esses vulcões tendem a entrar em erupção catastrófica, lançando cinzas na atmosfera com a energia de bombas nucleares — algo feito pelo Monte Santa Helena em 1980.
Contudo, um segundo tipo de vulcão, mais silencioso, forma-se onde as placas se separam. A atividade vulcânica perto de Grindavík está diretamente relacionada a este tipo de movimento das placas tectônicas. No Parque Nacional Thingvellir, por exemplo, você pode literalmente caminhar entre as placas euroasiática e norte-americana. Essa linha está perfeitamente localizada com o recente enxame de terremotos e com a deformação do solo na região.
Onde as placas se afastam uma da outra, o manto subjacente sobe em direção à superfície para preencher uma lacuna. Esse processo causa o derretimento em profundidade e atividade vulcânica na superfície. A partir de outubro de 2023, esse magma pressurizado começou a avançar ao longo de uma fissura em direção à superfície, desencadeando terremotos e criando a possibilidade de uma erupção.
(Fonte: Getty Images)
Na Islândia, os grandes vulcões do interior parecem estar localizados sobre uma pluma de manto — semelhante ao que acontece no Havaí. Esse tipo de vulcão normalmente entra em erupção de lava basáltica, que derrete em temperaturas muito mais altas e tende a fluir facilmente. As erupções não são tão explosivas como outros vulcões, pois a lava escorre de forma que permite aos gases escaparem.
Se houver uma erupção na Islândia, a lava basáltica provavelmente fluirá colina abaixo de forma relativamente pacífica, como aconteceu quando o vulcão Fagradalsfjall entrou em erupção em 2021, até chegar no mar. No entanto, quando a lava com temperatura de 1000 °C atinge a água, ela se transforma em vapor, causando explosões que podem espalhar cinzas por uma grande área.
Viver numa área vulcânica ativa pode ter suas vantagens, sobretudo em relação à energia. A Islândia obtém 30% da sua eletricidade a partir de fontes geotérmicas que utilizam calor subterrâneo para acionar turbinas e produzir energia, algo que ajuda o país a ter uma das economias mais limpas do planeta.
Porém, o temor de que alguma tragédia possa acontecer está sempre presente. Por esse motivo, o preparo adquirido pela Islândia ao longo dos anos é fundamental para que esse tipo de fenômeno natural possa acontecer sem deixar rastros absurdos de destruição pelo caminho.