Ciência
21/11/2023 às 10:00•2 min de leitura
Coco-do-mar é o nome atribuído tanto à planta Lodoicea maldivica quanto à sua semente. A árvore é uma palmeira rara e endêmica das ilhas Praslin e Curieuse, que fazem parte de Seicheles, pequeno país insular no leste do continente africano. A planta é incomum por uma série de motivos, entre eles suas dimensões e sua longevidade, mas o que mais chama a atenção é o fato da sua semente parecer — sob certos ângulos — nádegas e coxas humanas.
A semelhança da semente é tanta que o primeiro nome científico da planta foi Lodoicea callipyge, e kallipygos é uma palavra grega que significa algo como "belo traseiro". Além disso, a semente é nada menos que a maior do mundo.
Sementes de coco-do-mar em diferentes fases de amadurecimento. (Fonte: Getty Images / Reprodução)
A raridade e a aparência da planta fizeram com que ela fosse a origem de uma série de lendas interessantes. Quando a semente chega à água, ela é incapaz de boiar e afunda. Porém, após algum tempo, parte da casca cai e as partes internas apodrecem, gerando um gás que faz a semente boiar. Esses púbis flutuantes são levadas a outras ilhas e países por correntes marítimas, porém não podem mais germinar.
Essa característica fez com que povos da Malásia acreditassem que a planta era proveniente de uma floresta debaixo d'água no oceano Índico, uma vez que elas só eram vistas “caindo para cima do mar”. Na antiguidade, as raras sementes encontradas chegavam a ser vendidas por uma grande soma em dinheiro e eram presenteadas a reis e autoridades.
Outra característica incomum da planta é que, ao contrário da maioria das palmeiras, a Lodoicea maldivica tem árvores macho e fêmea. Como não poderia deixar de ser, o macho da espécie também tem um visual incomum, com um amentilho, ou espiga, que tem um formato fálico. Isto gerou outras lendas de que as árvores das ilhas se movimentariam para se acasalar em românticas noites de tempestade ou de lua cheia — e caso alguém testemunhasse o ato, poderia ficar cego.
A semente do coco-do-mar ao lado da espiga de uma planta macho. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Os primeiros europeus a chegarem na ilha de Praslin foram os integrantes da 4ª Armada de Vasco da Gama, no início do século XVI. No século XVIII, o marinheiro francês Jean Duchemin, levou um grande carregamento das sementes retiradas das ilhas para a Índia e Europa, fazendo elas perderem parte de seu status mítico.
As plantas de coco-do-mar chegam a ultrapassar os 33 metros de altura e suas folhas podem chegar a 9 metros de comprimento. A planta produz um dos maiores frutos já registrados, chegando a pesar até 41 kg. Outro recorde fica para a icônica semente, que pode alcançar 50 centímetros e até 25 kg.
O coco-do-mar chega a viver 200 anos e as sementes que caem não se espalham, mas germinam no mesmo local, preferencialmente após a morte da árvore originária. As sementes germinadas podem, então, utilizar os nutrientes do local para se desenvolver, elas levam de 15 a 50 anos para alcançar a maturidade.
Apesar da descoberta da origem da planta, ela continua sendo rara, presente apenas nas ilhas Curieuse e Praslin de Seicheles. O coco-do-mar é considerado em risco de extinção e estima-se que existam apenas cerca de 8 mil árvores maduras na natureza.