Ciência
22/11/2023 às 11:00•2 min de leitura
No passado, plantas semelhantes às palmeiras ajudaram a sustentar os dinossauros e outros animais pré-históricos durante a Era Mesozoica, começando há 252 milhões de anos, por serem abundantes nos sub-bosques das florestas. As cicadáceas, como eram chamadas, foram extintas em sua grande maioria — tal como os pesados herbívoros que dependiam delas para sobreviver.
Seu desaparecimento começou durante o final do Mesozoico e continuou no início da Era Cenozoica, pontuada pelo impacto cataclísmico do asteroide e pela atividade vulcânica no planeta. No entanto, ao contrário dos dinossauros, de alguma forma alguns grupos de cicadáceas conseguiram sobreviver até o presente.
(Fonte: GettyImages)
Um novo estudo, publicado na revista Nature Ecology & Evolution, conclui que as espécies de cicadáceas que sobreviveram dependiam de bactérias simbióticas nas suas raízes, as quais lhes forneciam nitrogênio para crescer. Tal como as leguminosas modernas e outras plantas que utilizam a fixação de azoto, essas cicadáceas trocam os seus açúcares com bactérias nas suas raízes em troca de azoto extraído da atmosfera.
Já sabendo desse método de sobrevivência dessas plantas, uma equipe de estudos coordenada por Michael Kipp analisou alguns fósseis de plantas muito antigas para tentar ter uma visão diferente da atmosfera antiga da Terra. A maioria das antigas cicadáceas revelou que não eram fixadoras de nitrogênio — um indício de que as plantas precisaram se adaptar para sobreviver à extinção.
“Em vez de ser uma história sobre a atmosfera, percebemos que se tratava de uma história sobre a ecologia destas plantas que mudou ao longo do tempo”, disse Kipp. Muito do que sabemos atualmente sobre atmosferas antigas vem de estudos químicos de vida marinha e sedimentos antigos. Logo, aplicar alguns desses métodos a plantas terrestres é uma novidade no meio científico.
(Fonte: GettyImages)
De acordo com Kipp, não existiam dados publicados sobre isótopos de nitrogênio provenientes de folhagens fossilizadas de plantas no início do projeto. Por conta disso, foi preciso um pouco mais de tempo para aperfeiçoar o método e obter amostras preciosas que os curadores de museus relutavam em ver vaporizadas para obter dados.
“Nas poucas amostras de fósseis de linhagens sobreviventes (cicadáceas) e que não são tão antigas – de 20 milhões ou 30 milhões de anos – vemos a mesma assinatura de nitrogênio que vemos hoje”, destacou o pesquisador em comunicado oficial. Isso confirma que o nitrogênio dessas plantas veio de bactérias simbióticas.
Contudo, nos fósseis de cicadáceas mais antigos e extintos, essa assinatura de nitrogênio estava ausente. O que está menos claro para os pesquisadores é como a fixação de nitrogênio ajudou as cicadáceas a sobreviver à extinção.
É possível que esse processo tenha ajudado essas plantas a resistir à mudança dramática no clima ou até mesmo permitido que elas competissem melhor com as plantas angiospérmicas que floresceram após a extinção dos dinossauros. De qualquer forma, novos estudos ainda serão necessários para conseguir comprovar qualquer uma dessas hipóteses.