Ciência
26/11/2023 às 14:00•2 min de leitura
Em 1774, o inventor John Joseph Merlin teve a brilhante ideia de desenvolver um magnífico cisne prateado robótico para impressionar a realeza britânica e seus convidados. O autômato foi literalmente batizado de Cisne Prateado e até hoje segue impressionando o público por sua beleza complexa.
Montado no Museu Mecânico de James Cox, um joalheiro londrino e empresário do século XVIII, a máquina consiste em um corpo prateado e repuxado de um cisne que esconde três mecanismos de relógio que controlam uma caixa de música, uma piscina de vidro com peixes prateados nadando, e os movimentos realistas de pescoço e da cabeça da majestosa ave. Vendo o Cisne Prateado em ação, é fácil esquecer que essa brilhante peça tem 250 anos.
(Fonte: Carl Court/Getty Images)
Pesando incríveis 30 kg e sendo feito de mais de 700 componentes — excluindo parafusos e fixações —, o Cisne Prateado é uma obra de se impressionar. Sua existência é tão formidável que acabou sendo notada por algumas figuras famosas ao longo da história, como pelo ilustre romancista americano Mark Twain.
"Eu observei o Cisne Prateado, que tinha uma graça viva em seus movimentos e uma inteligência viva em seus olhos – observei-o nadando tão confortável e despreocupadamente como se tivesse nascido em um pântano em vez de em uma joalheria – observei-o agarrar um peixe prateado debaixo d'água e levanta a cabeça e faz os movimentos habituais e elaborados de engoli-lo", escreveu Twain certa vez.
A máquina possui 99 folhas de prata, 113 anéis de prata no pescoço e 141 hastes de vidro. Quando o relógio é dado corda, a caixa de música construída dentro do cisne começa a tocar e as hastes de vidro giram, dando a ilusão de água corrente. Então, o animal robótico vira a cabeça de um lado para o outro e se abaixa para capturar um dos peixes nadando. Então, a cabeça do cisne retorna à sua posição original em um ato que dura cerca de 32 segundos.
Embora tenha sido originalmente projetado para ser uma peça da realeza britânica, o Cisne Prateado acabou virando um item de colecionador até parar em seu local atual. Sabe-se que o autômato foi vendido diversas vezes ao longo dos anos até parar no Museu Bowes em 2021 como parte da "Semana de Estudo do Cisne Prateado", liderada pelo relojoeiro Matthew Read.
Porém, seu momento de maior destaque foi provavelmente em 1867, quando a peça foi a sensação da Exposição Internacional de Paris. Durante o evento, os movimentos realistas do cisne e seu preço exorbitante para época (algo em torno de US$ 200 mil) deixaram todos os presentes boquiabertos.
Cinco anos depois, os colecionares John e Josephine Bowes conseguiram comprá-lo por um décimo do seu preço original e adicioná-lo ao museu homônimo. Até hoje, essa incrível escultura continua sendo a estrela do Museu Bowes, mas tem enfrentado algumas dificuldades por conta de sua idade. De acordo com a imprensa local, existem relatos de que o Cisne Prateado precisa passar urgentemente por uma restauração e que atualmente serve mais como uma escultura do que um autômato.