Estilo de vida
04/12/2023 às 09:00•2 min de leitura
Cientista descobriram um sistema solar inédito que contraria tudo o que sabemos até agora sobre a maneira como esses conjuntos planetários se formam. O que chamou a atenção foi a existência de um planeta aparentemente grande demais para o tamanho da sua estrela hospedeira
De acordo com o estudo, publicado recentemente na revista Science, a estrela anã vermelha LHS 3154, detectada em um projeto que buscava estrelas (relativamente) frias, tem uma massa nove vezes menor que a do Sol, enquanto seu planeta é pelo menos 13 vezes maior que a Terra, ou seja, quase do tamanho de Netuno.
A ideia de que estrelas pequenas conseguem sustentar planetas maiores do que suas próprias massas é um tipo de incompatibilidade cósmica que desafia a compreensão dos astrônomos. “Não esperaríamos que existisse um planeta tão pesado em torno de uma estrela de massa tão baixa”, reconhece o coautor do estudo Suvrath Mahadevan, astrônomo da Universidade Estadual da Pennsylvania, em comunicado.
(Fonte: Guðmundur Stefánsson/X)
O objetivo de encontrar estrelas mais frias era baseado na ideia de que elas poderiam abrigar planetas com maiores probabilidades de ter água em suas superfícies. Para isso, Mahadevan e sua equipe utilizaram a ferramenta Habitable Zone Planet Finder (HPF na sigla em inglês) do Observatório McDonald, na cidade de Fort Davis, nos EUA.
Apesar de não ser o exoplaneta mais massivo descoberto até hoje (pois há alguns até maiores do que Júpiter), o chamado LHS 3154b, o seu tamanho avantajado é um recorde quando comparado ao de sua estrela mãe.
Afinal, o material do qual os planetas são feitos vêm da mesma nuvem de poeira cósmica que, primeiramente, forma a estrela. Tão logo a protoestrela emerge, seu disco de poeira, gás e seixos começa a se condensar e formar bolas de rocha, que vão crescendo até se transformarem em planetas.
(Fonte: Getty Images)
As teorias de formação planetária preveem que, quando a massa de poeira existente nos discos protoplanetários se aproxima da massa da estrela hospedeira, ela não deveria abrigar exoplanetas em sua órbita próxima com massas maiores do que Netuno (17 massas terrestres). Isso se aplica principalmente às estrelas anãs vermelhas, também chamadas de M, por serem menos massivas.
O problema é que o planeta 3154b é tão grande, que os pesquisadores estimam que demandaria cerca de 10 vezes a quantidade de poeira que se calcula estar presente em torno de sua estrela recente. Isso mostra que, ou esse sistema é extremante raro, ou “pouco sabemos sobre o universo”, afirma Mahadevan.
Seja como for, os autores esperam que futuras análise mostrem como esse planeta ficou tão grande, e porque sua estrela é tão proporcionalmente pequena.