Os robôs e a IA vão substituir a profissão dos médicos no futuro?

05/12/2023 às 14:003 min de leitura

Os autômatos, ou robôs, se assim preferir, já foram encarados como "a melhor invenção do homem" – basicamente o ápice de sua inteligência, tecnologia e evolução. Um mundo operado por maquinários complexos, com braços reguláveis gigantes, que serviriam para construir peça por peça um automóvel até limpar uma casa inteira, era o suprassumo do retrofuturismo que os soviéticos sonhavam em 1960.

A fome pelo progresso ofuscou o medo inicial, despertado durante a Revolução Industrial do século XIX, de que a mão de obra humana fosse substituída pelo maquinário tecnológico que surgiu. Acredita-se, no entanto, que o verdadeiro sentido da tecnofobia – o medo da tecnologia moderna – tenha surgido nos momentos finais para a virada do século XXI, com os experimentos de clonagem e a criação de tecnologias de comunicação e armazenamento de dados, cimentando o que foi chamado de "modernização do cotidiano".

De acordo com dados erguidos pelo Instituto Zippia, estima-se que o maquinário tecnológico desloque 20 milhões de empregos na manufatura dos Estados Unidos até 2030. Atualmente, o país abriga 293 mil robôs industriais, com estimativa de que esse número aumente em pelo menos 40 mil a cada ano.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Estudos mostraram que a pandemia do coronavírus acelerou o processo de extinção de empregos que dependem diretamente do homem, devido à necessidade que as corporações encontraram de se reinventar durante o lockdown. Um estudo divulgado em maio de 2020 pelo Becker Friedman Institute, da Universidade de Chicago, prospectou que 42% das demissões causadas pela pandemia seriam permanentes – e eles não erraram no cálculo.

E em meio a esse cenário em que cada vez mais profissões são automatizadas, complementadas com o poder e predominância tanto de máquinas como softwares cada vez mais avançados de inteligência artificial, as pessoas temem que profissões consideradas a base da sociedade sejam substituídas.

Então aqui está o questionamento: os robôs e a IA vão substituir a profissão dos médicos no futuro?

Robôs: amigos ou inimigos?

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

A Universidade Johns Hopkins, nos EUA, está desenvolvendo um robô cirúrgico que será capaz de realizar cirurgias de forma totalmente autônoma. Equipado com visão 3D e um algoritmo de aprendizado que permite planejar e se adaptar durante uma cirurgia, o autômato já até realizou um procedimento teste de laparoscopia em modelos de tecido suíno, suturando com sucesso as extremidades de um intestino de porco.

Isso só mostra que, avançando no futuro, os hospitais e a medicina moderna parecerão muito diferentes, e esse tipo de informação parece assustar cada vez mais as pessoas. A maioria das pessoas não se sente confortável em depositar a própria vida nas mãos de um equipamento que não pensa, é vulnerável a bugs, malwares e outros tipos de problemas, ainda que um ser humano seja passivo de vários tipos de erros e má conduta.

Por muito tempo, introduzir máquinas no lugar de médicos pareceu, no mínimo, algo equivocado e impensável, uma vez que medicina é considerada praticamente uma arte. Como uma máquina teria o treinamento rigoroso, a educação, o traquejo profissional e toda experiência possível para saber lidar com um caso?

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Mas a questão é que, a introdução da tecnologia em toda sua extensão não foi pensada como uma forma de substituir a necessidade de uma presença humana no processo, apenas auxiliá-la, ou melhor, aprimorar procedimentos cirúrgicos ou médicos que necessitam de uma precisão além dos limites da capacidade humana.

Um exemplo disso foi a criação do Sistema Da Vinci, parte integrante da cirurgia em todo o mundo, que não passa de braços robóticos controlados por meio de um console por cirurgiões altamente treinados. O equipamento se faz extremamente útil em cirurgias minimamente invasivas que exigem movimentos intricados das mãos e uma destreza humanamente difícil de ser alcançada.

A narrativa perigosa

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Não há um consenso sobre o quanto os robôs e a IA estão ajudando a comunidade médica ou "se apoderando dela", como pensa o empresário Vinod Khosla, que acredita que as máquinas substituirão cerca de 80% dos médicos no futuro, e que a saúde será administrada por empresários e não por especialistas médicos. O professor Geoffrey Hinton é um dos que não acredita na narrativa do "homem amigo da tecnologia", tanto que em 2016 disse em uma palestra que os radiologistas deveriam parar de se formar porque seu ramo de atuação desapareceria em breve.

Com tantas vozes proeminentes dando sua opinião sobre o assunto, é compreensível que seja muito fácil se perder no meio disso, mas é necessário considerar alguns pontos antes de decidir, por exemplo, desistir de investir em alguma área médica por acreditar que ela não será uma profissão viável por muito tempo.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Em termos técnicos, ainda que as máquinas possam eventualmente substituir algumas funções médicas, algoritmo nenhum jamais será capaz de ter conhecimento suficiente para alterar seu método de trabalho. Podemos pegar de exemplo um episódio da primeira temporada da série televisiva House (2004), em que uma equipe tenta descobrir como um jovem pode ter sido envenenado. Eles sensibilizaram o organismo do garoto de várias formas, mas sem sucesso. No final, descobrem, por acidente, que ele tinha uma espécie de inseticida em sua calça jeans comprada de um vendedor ambulante. A roupa não foi lavada antes de ser usada, e sua pele acabou absorvendo o veneno.

Esse tipo de diagnóstico seria impossível de um algoritmo determinar, exatamente porque diagnósticos e estabelecer um plano de tratamento não são processos lineares. O trabalho de um médico requer criatividade e habilidades de resolução de problemas, algo além da capacidade de um robô. Muitos são os tipos de pacientes e de estilos de vida, e o mesmo se aplica às características das doenças. Vale lembrar que, antes da evolução das soluções digitais e da tecnologia complexa, os profissionais da saúde usavam dispositivos médicos básicos, e se esse processo não mudou, apenas foi incrementado.

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