Artes/cultura
06/12/2023 às 03:00•2 min de leitura
Na vastidão do Universo, o movimento é uma regra fundamental. Desde os menores asteroides até os maiores buracos negros, tudo parece ter um certo grau de rotação. No entanto, a física cósmica nos ensina que, assim como a Terra possui uma taxa máxima de rotação devido à sua própria gravidade, os buracos negros supermassivos têm suas próprias regras intrigantes para a rotação.
A orientação máxima de um objeto é ditada por sua gravidade e estrutura. Em planetas, como a Terra e Saturno, a gravidade exerce uma influência em relação à rotação. Na Terra, a diferença de peso entre o equador e os polos é mínima devido à rotação relativamente lenta. Já em planetas como Saturno, que tem os dias mais curtos, a diferença é maior.
Agora, imagine um planeta em que a força centrífuga no equador se equipara à força gravitacional, ele se desintegraria, esta é a taxa máxima de rotação. Os buracos negros, objetos cujas características desafiam as leis da física convencional, não são definidos por uma superfície. Eles são estruturas cósmicas que possuem uma gravidade extrema, capaz de distorcer o espaço e o tempo à sua volta.
Essa transferência, em particular, é o que torna a rotação dos buracos negros um conceito único. Ao contrário dos planetas que giram em seus próprios eixos físicos, os buracos negros têm uma rotação que é uma consequência da torção do espaço-tempo nas proximidades.
Primeira imagem do Sagitário A*, nome dado do buraco negro da Via Láctea, foi revelada em maio de 2012. (Foto: Divulgação EHT)
A rotação de um buraco negro é quantificada por uma unidade chamada "a" nas equações da relatividade geral de Einstein, onde "a" pode variar de zero a um. Recentemente, os astrônomos fizeram uma descoberta notável relacionada valor de “a” do buraco negro supermassivo que reside no coração da Via Láctea – sim, onde vivemos.
Para medir o spin desse buraco negro, os cientistas observaram distorções nos espectros de luz emitidos por objetos próximos a ele devido ao arrastamento do espaço-tempo. Analisando cuidadosamente a intensidade da luz em diferentes comprimentos de onda, eles foram capazes de estimar as taxas de rotação.
O resultado foi surpreendente: a equipe de pesquisa concluiu que o valor de "a" para o buraco negro da Via Láctea está entre 0,84 e 0,96. Isso significa que esse buraco negro está girando em uma velocidade notavelmente próxima da taxa máxima possível!
Essa descoberta adiciona camadas de complexidade à compreensão dos buracos negros supermassivos e destaca a importância de investigar as características intrincadas desses objetos cósmicos.
Em comparação com o buraco negro M87, cujo valor de "a" é estimado entre 0,89 e 0,91, o da Via Láctea parece ser ainda mais veloz em seus giros. Essa comparação levanta uma série de questões intrigantes sobre as diferentes propriedades dos buracos negros supermassivos que habitam diferentes regiões do Universo.