Vulcão submarino pode ser o culpado dos maiores terremotos no Japão

11/12/2023 às 09:002 min de leitura

O fundo dos mares é repleto de montes, montanhas e vulcões (inclusive ativos!) que ainda precisam ser compreendidos. Uma dessas formações, localizada na costa do Japão, inclusive, pode ter gerado vários dos terremotos de grande magnitude dos últimos 40 anos por lá.

O monte submarino Daiichi-Kashima está localizado a cerca de 40 quilômetros da costa do país, na placa tectônica do Pacífico. Essa é uma região de grande atividade tectônica, na qual também se encontram as placas das Filipinas, ao sul, e a de Okhotsk, ao norte. Novos estudos indicam que a movimentação delas, juntamente com a localização do vulcão, causam grandes terremotos.

Isso acontece porque a seção da placa do Pacífico em que está o monte começou a afundar em direção ao centro da Terra, entre 150 e 200 mil anos atrás. Porém, a existência dos montes submarinos dificulta essa subducção (que é o nome dado ao “afundamento” da placa), gerando os tremores.

Representação da região do monte submarino Daiichi-Kashima na costa do Japão. (Imagem: Research Gate)Representação da região do monte submarino Daiichi-Kashima na costa do Japão. (Imagem: Research Gate)

Terremoto suspenso

Em 2008, um estudo apontou que a existência dos montes não gerava grandes impactos na subducção de placas tectônicas. Pesquisadores da Universidade de Memphis, porém, mostraram que essa informação não era correta. Ou seja, a fricção causada pela raspagem dos montes nas placas pode ser muito intensa – os vulcões, inclusive, podem “emperrar”.

Assim, ainda que submerso, o monte Daiichi-Kashima, pode causar estragos enquanto afunda. E por ficar muito próximo à costa, pode ter sido responsável por terremotos fortes, como os de 1982, 2008 e 2011, todos acima de 7 na escala Richter. Conforme um monte submarino penetra na placa superior, a tensão aumenta em sua borda principal. Chega um momento, chamado de “desligamento”, em que a área em torno do monte para de se mexer, mas o resto da placa continua afundando.

Ao chegar à pressão limite, o monte se liberta da placa superior e se move para frente, gerando o que foi chamado de “terremoto suspenso”. Esse novo tipo de formação dos terremotos teria sido responsável por eventos de grande magnitude, inclusive com o surgimento de tsunamis – em 1677, enormes ondas teriam atingido o Japão após um abalo sísmico na região do vulcão submarino.

Caso único

A compreensão da subducção do monte Daiichi-Kashima é fundamental porque é a única acontecendo neste exato momento. Serão necessários pelo menos mais 1 milhão de anos para que outros montes submarinos da costa do Japão entrem em regiões de afundamento tectônico, com outros 2 milhões de anos para causarem terremotos.

Sismos acima de 7 pontos são incomuns, mas pareciam regulares a cada 20 anos a partir de 1920, no país. Isso mudou em 2011, quando o tremor de 7,8 ocorreu apenas três anos após o abalo de 8 pontos registrado em 2008. Novos tremores continuam imprevisíveis.

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