Ciência
19/12/2023 às 03:00•2 min de leitura
Betelgeuse é uma das estrelas que mais chama a atenção no céu noturno. Pertencente à constelação de Órion, trata-se de uma supergigante vermelha que apresenta um raio de aproximadamente 617 milhões de quilômetros.
Betelgeuse volta e meia é assunto no mundo astronômico. Isso não apenas porque ela foi eclipsada por um asteroide no último dia 11 e chegou a "desaparecer" por 15 segundos, mas principalmente em virtude de variações no seu brilho. Apesar de se tratar de uma característica própria dela, ainda que ocorra por uma razão incerta, quando seu brilho diminuiu de uma forma que nunca havia sido observada antes, a comunidade científica ficou alerta.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Ao longo de 2019, e mais especificamente em 2020, esse fenômeno, apelidado de "grande escurecimento", gerou dúvida se Betelgeuse estaria perdendo seu brilho em virtude do processo de envelhecimento estelar. No entanto, essa mudança não foi uniforme, já que o hemisfério sul da estrela ficou mais apagado que o norte.
Futuramente, se fosse o caso dela estar realmente morrendo, isso poderia resultar numa grande explosão, mas depois que seu brilho voltou a dar as caras, algumas teorias para explicar o ocorrido apareceram. Uma delas apontava que tudo não passou de efeito de nuvens de poeira que estavam ofuscando a estrela.
Fato é que se trata de um astro acompanhado por muitos cientistas, e como resultado de mais de 15 anos de observações, foi publicado um artigo no jornal Astronomy & Astrophysics. O trabalho tem como base dados obtidos por meio do telescópio robótico STELLA.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O telescópio robótico STELLA é capaz de explorar a camada visível de Betelgeuse, bem como de detalhes sobre as pulsações e ondas de choque emitidas pela estrela no decorrer do tempo.
Ao todo, cinco camadas da fotosfera foram analisadas nessa estrela gigante vermelha. A partir de projeções, os autores do artigo apontaram que as variações na mais interna, chamada de C1, seriam consistentes com as percebidas no campo visual da estrela. As mudanças que foram alvo da observação, por sua vez, teriam ocorrido devido a ondas de choque.
Ao tratar desse fenômeno, a onda de choque teria gerado um grande fluxo de material expelido, afetando todas as camadas da estrela. Mas uma segunda onda, por sua vez, ocorreu quando a primeira estaria em sua velocidade máxima, e sido ainda mais expressiva, ao menos nas camadas externas. Com isso, houve um novo episódio de saída de material do interior de Betelgeuse.
Ou seja, duas ondas de choque teriam ocorrido em Betelgeuse, uma antes e outra depois do "desaparecimento", e não simultaneamente, estando a primeira relacionada ao escurecimento, cujo pico foi observado em fevereiro de 2020. A estrela só voltou a apresentar brilho com uma maior intensidade em 2022.