Cientistas descobrem 'mapa histórico' do campo magnético da Terra

21/12/2023 às 02:002 min de leitura

Um grupo de pesquisadores descobriu 32 tijolos de argila milenares da Mesopotâmia que podem contribuir para conhecer melhor o campo magnético da Terra há 3 mil anos. O estudo, que envolve profissionais da University College London (UCL), analisa os materiais em busca de respostas sobre uma anomalia misteriosa.

Durante a Idade do Ferro, entre 1050 a.C. e 550 a.C., o campo magnético da Terra era particularmente mais forte na região que hoje abriga o Iraque — e que um dia já foi a Mesopotâmia. Isso pode ser observado nas impressões nos grãos de óxido de ferro dentro dos tijolos encontrados pelo grupo de pesquisa. 

As evidências do comportamento incomum também foram encontradas na China, Bulgária e nos Açores, mas a área do Oriente Médio possui menos dados. Os materiais foram fabricados com o nome dos reis vigentes na época. Com isso, aliado às alterações no óxido de ferro, os cientistas agora possuem um "mapa histórico" do campo magnético terrestre.

Tijolos da Mesopotâmia forneceram informações relevantes sobre campo magnético terrestreTijolos da Mesopotâmia forneceram informações relevantes sobre campo magnético terrestre

Sobre a pesquisa

Segundo o professor Mark Altaweel, do Instituto de Arqueologia da UCL, o auxílio desse "arqueomagnetismo" é um avanço para a ciência. Ele explicou que vestígios culturais, como tijolos e cerâmicas, são mais difíceis de serem datados por não conterem material orgânico (ou seja, moléculas de carbono). 

Com esse novo método, a datação de vestígios não depende apenas de estratégias como medida de radiocarbono, que analisa a deterioração de substâncias orgânicas. "Este trabalho agora ajuda a criar uma importante base de datação que permite que outros se beneficiem da datação absoluta usando o arqueomagnetismo", comentou Altaweel.

Arqueomagnetismo pode ajudar cientistas a datar mais vestígios culturaisArqueomagnetismo pode ajudar cientistas a datar mais vestígios culturais

O professor Matthew Howland, principal autor do estudo, também celebra a conquista. "Ao comparar artefatos antigos com o que sabemos sobre as condições antigas do campo magnético, podemos estimar as datas de quaisquer artefatos forjados nos tempos antigos", disse.

Para uma análise mais profunda dos tijolos, a equipe extraiu pequenas lascas dos tijolos e utilizou um magnetômetro nos fragmentos. Essa ferramenta é utilizada para medir a direção, força ou mudança relativa de um campo magnético em uma determinada amostra, ou local. A pesquisa foi publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). 

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