Aquecimento global: Rio de Janeiro poderá ser inundado até 2100

29/12/2023 às 14:003 min de leitura

Em janeiro de 2023, foi publicado na revista Science um estudo mostrando que, mesmo com apenas 1,5 grau Celsius de aquecimento acima dos níveis pré-industriais, cerca de 104 mil das mais de 215 mil geleiras e calotas polares do mundo derreterão, elevando o nível global do mar em pouco mais que 10 centímetros.

Os últimos 8 anos foram os mais quentes registrados no planeta, fruto do pico que atingiu as concentrações de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono. O nível do mar bateu o recorde, subindo em média 4,62 milímetros por ano entre 2013 e 2022, o dobro da taxa anual entre 1993 e 2002. Fora isso, temperaturas recordes foram registradas nos oceanos, onde fica cerca de 90% do calor retido da Terra pelos gases de efeito estufa.

Petteri Taalas, chefe da Organização Meteorológica Mundial, disse em entrevista coletiva, em abril, que o clima extremo causado pelas emissões de gases de efeito estufa pode continuar até a década de 2060, independentemente do nosso sucesso na mitigação do clima.

“Já emitimos tanto, especialmente CO2 na atmosfera, que esse tipo de saída gradual da tendência negativa leva várias décadas”, pontuou ele.

E os efeitos já estão aqui. Acredita-se que em alguns anos o Brasil sofrerá graves consequências, e que a cidade do Rio de Janeiro poderá ser inundada até 2100.

O futuro costeiro do Brasil

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Há um mês, o mar invadiu o calçadão e a ciclovia nos bairros do Leblon e de Ipanema, na orla sul do Rio. Em um domingo ensolarado que reunia centenas de banhistas, vídeos flagraram o momento em que a água subiu, dispersando a todos, atravessando a faixa de areia e ocupando diversas partes do calçadão e das pistas. A Marinha do Brasil chegou a emitir um alerta de que ondas de até 3,5 metros de altura poderiam atingir o litoral da cidade até o fim daquela semana.

Devido às condições climáticas e ao contínuo aumento do nível dos oceanos, esse deve ser apenas o começo de um problema que parece inevitável. Com seus mais de 7 mil quilômetros de costa no oceano Atlântico, o Brasil é um dos países que aparece no centro do problema. 

De acordo com um novo estudo publicado na Nature e divulgado às vésperas da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, cinco por cento da cidade de Santos e do Rio de Janeiro estarão imersas até a metade do século XXI. O impacto da elevação da temperatura colocará mais de 70 milhões de pessoas no caminho da expansão das planícies aluviais.

No Rio, a menor sombra de aumento, 60 cm, poderá engolir bairros da Zona Norte, como a Ilha do Governador. No pior dos cenários, que o Climate Change indica uma elevação do mar entre 20 e 48 centímetros até 2100, algumas praias terão desaparecido, bem como o Aeroporto do Galeão e outros diversos bairros, como o de Santa Cruz.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Por esse motivo que a América Latina, o Caribe, o Pacífico e os pequenos estados insulares em desenvolvimento estão mais propensos a sofrerem as primeiras consequências, com projeção de perda significativa de terras e infraestrutura essencial por inundações permanentes.

Em 2100, as projeções são obscuras para o ritmo que o aquecimento global segue. Aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados de terra costeira – uma área maior do que o território da Grécia – estarão sob as águas. Isso inclui vastas extensões de cidades costeiras na Arábia Saudita, Vietnã, Emirados Árabes Unidos e no Equador.

Em ritmo acelerado

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

O mundo está caminhando para um cenário apocalíptico rapidamente. Está previsto que a exposição ao risco de inundações dobre para 10% da população até o final do século XXI. As regiões costeiras da América Latina, África e Sudeste Asiático podem enfrentar uma grave ameaça de inundações permanentes que podem desencadear uma reversão no desenvolvimento humano em comunidades costeiras.

“O deslocamento de milhões de pessoas e a interrupção da atividade econômica nos principais centros de negócios podem introduzir novos elementos de instabilidade e aumentar a competição por recursos. Nossa nova pesquisa do PNUD e do Climate Impact Lab é outro lembrete para os tomadores de decisão que vão para a COP28 de que a hora de agir é agora”, disse Pedro Conceição, diretor do Escritório de Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD à Prevention Web.

No momento, Bangladesh produz 0,3% das emissões que contribuem para o efeito estufa, mas enfrenta algumas das maiores consequências do aumento do nível do mar. O país pode ter 17% de suas terras inundadas até 2050, tendo que deslocar 18 milhões de cidadãos, muitos dos quais já sofre com uma pobreza extensa.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Mesmo que exista uma ação concentrada para reduzir as emissões globais e colocar o mundo no caminho certo para limitar o aumento de 2 graus Celsius da temperatura global, mais de 70 mil quilômetros quadrados desses 160 mil quilômetros de terras devem permanecer acima do nível do mar.

"Essas projeções não são conclusões precipitadas, em vez disso, podem ser um catalisador para a ação", disse Hannah Hess, diretora associada do Laboratório de Impacto Climático, à Prevention Web. "Reduzir as emissões não apenas mitiga o risco, mas nos compra mais tempo para responder proativamente e nos preparar para a elevação dos mares".

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