Se 2023 quebrou recordes, como serão as temperaturas em 2024?

12/01/2024 às 09:302 min de leitura

2023 terminou e, se tratando das temperaturas globais, uma das suas piores projeções foi confirmada: o ano foi considerado o mais quente já registrado na história, com 1,48 °C acima da média da era pré-industrial. Com isso, o ano de 2016, que detinha esse posto, foi superado em 0,17 °C.

A informação foi divulgada pelo observatório europeu Copernicus, e apesar de não ter despertado surpresa em quem já acompanha notícias sobre o tema, continua gerando bastante preocupação.

2023: o ano em que os recordes de temperatura foram superados

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

O El Niño começou a atuar em março do ano passado, com a formação costeira na porção oeste da América do Sul gerando chuvas torrenciais — que até deixaram vítimas fatais. Em seguida, ao ter a sua área de atuação expandida para o resto do continente e do mundo, outros efeitos foram percebidos, principalmente no segundo semestre.

No Brasil, o El Niño provocou a redução acentuada das chuvas na região norte, enquanto o sul do país vivenciou uma maior recorrência de tempestades e ciclones, eventos bastante preocupantes, já que deixaram um rastro de destruição e de perdas humanas.

Além disso, 2023 foi o ano em que as ondas de calor fizeram com que, em determinados períodos, as temperaturas máximas de diversas localidades ultrapassassem os 40 °C. No dia 17 de novembro, antes mesmo do início do verão, a cidade do Rio de Janeiro apresentou sensação térmica de 60 °C.

Efeitos da elevação das temperaturas

Mapa mostra as anomalias de temperaturas observadas em comparação com anos anteriores. (Fonte: Copernicus/Reprodução)Mapa mostra as anomalias de temperaturas observadas em comparação com anos anteriores. (Fonte: Copernicus/Reprodução)

Na região amazônica, em meio à estiagem, a fumaça das queimadas que destroem a floresta reduziu consideravelmente a qualidade do ar e tornou a situação bastante crítica. Ou seja, na prática, a recorrência de eventos tão extremos e seus potenciais desdobramentos tornam bastante difícil para a população realizar o mais simples dos deslocamentos em meio à rotina.

Mas no final das contas, apontar um único motivo para que 2023 tenha sido o ano mais quente da história não é o correto, como destaca o relatório do serviço de clima europeu. Isso porque, apesar da atuação do El Niño ter contribuído para parte dos efeitos observados, a emissão de gases poluentes, que se eleva continuamente desde a era pré-industrial, ainda apresenta a grande parcela de responsabilidade.

Quais são as previsões para o clima durante 2024?

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Em pleno verão, ainda nos encontramos no maior período de abrangência do El Niño, mas os dias mais críticos ainda estão por vir. Além disso, não há consenso quanto a uma possível volta da La Niña este ano.

O entendimento geral é que eventos extremos deverão se tornar cada vez mais comuns nos próximos anos e que o calor siga aumentando em 2024, sobretudo durante a atuação do El Niño. A grande preocupação é que o ano supere o recorde observado em 2023.

O relatório destaca ainda, ao ter em vista como os recordes de temperatura começaram a ser quebrados no último ano: "é provável que um período de 12 meses, terminado em janeiro ou fevereiro de 2024, exceda em 1,5 °C acima do nível pré-industrial."

Por outro lado, é considerada ainda uma probabilidade de 60% que, a partir do outono deste ano, o planeta entre em um período de transição para a neutralidade com a redução da atuação do El Niño, segundo a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, (NOAA).

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