Ciência
16/01/2024 às 03:00•2 min de leitura
No frio intenso do Ártico um espetáculo raro de nuvens estratosféricas polares (PCSs, na sigla em inglês) transformou os céus em uma explosão de cores, iluminando a região por três dias consecutivos, entre 18 e 20 de dezembro. Conhecidas como 'nuvens nacaradas', essas maravilhas celestiais, que parecem saídas de um sonho ou de um filme, surgiram devido a uma onda de frio incomum na atmosfera superior.
As nuvens, feitas de minúsculos cristais de gelo que refratam a luz solar, criaram um arco-íris deslumbrante que se estendeu pelos céus da Noruega, Suécia, Finlândia, Alasca e o sul da Escócia. O fenômeno, capturado pelas lentes talentosas da fotógrafa norueguesa Ramune Šapailaite, revelou uma paleta de cores iridescentes (coloridas, como um arco-íris), proporcionando um evento espetacular.
Céu no Círculo Polar Ártico ficou extremamente brilhante no final de dezembro. (Fonte: Ramune Šapailaite - Facebook/ Divulgação)
As nuvens nacaradas são uma raridade, formando-se entre 15 e 25 quilômetros acima da superfície terrestre. Em climas extremamente frios, pequenos cristais de gelo se agrupam, dispersando a luz solar e criando essas maravilhas cintilantes. Para a formação desse fenômeno, a temperatura tem de estar extremamente baixa, algo próximo a -85 °C.
Ramune Šapailaite, que testemunhou e fotografou o fenômeno sobre Gran, no sul da Noruega, descreveu as cores como "espetaculares", enfatizando que a explosão de tons acontecia especialmente nos momentos que antecediam o pôr do sol.
Os especialistas dizem que as nuvens nacaradas que brilharam nos céus do Ártico são classificadas como sendo do Tipo II. Essas nuvens, do Tipo II, são compostas por cristais de gelo puros, resultando em cores mais vibrantes do que as nuvens do Tipo I, que são perigosas e podem afetar a camada de ozônio.
Nuvens estratosféricas polares são extremamente coloridas e fazem um belo espetáculo. (Fonte: Ramune Šapailaite - Facebook/ Divulgação)
A formação excepcional dessas nuvens está intrinsecamente ligada a condições climáticas específicas. A estratosfera seca normalmente não permite a formação de nuvens, mas em temperaturas extremamente baixas, o Ártico se transforma em um palco para esse espetáculo raro.
De acordo com os especialistas, a recente onda de frio que desencadeou a aparição precoce das nuvens nacaradas possivelmente teve influência do já conhecido El Niño. Contudo, eles apontam também para a influência de outro agente: a mudança climática gerada pelo homem.
Normalmente, as nuvens estratosféricas polares costumam ocorrer em raros dias no inverno, tendo o início das aparições ocorrendo no mês de janeiro. No entanto, os cientistas acreditam que como esse fenômeno aconteceu antes do previsto e por três dias seguidos, deve ser um sinal de que haverá mais eventos magníficos como esse durante o ano.
A beleza efêmera dessas nuvens adiciona uma dose extra de magia à temporada, já que o Ártico é um ponto turístico importante para aqueles que querem ver de perto o fenômeno da aurora boreal.