Artes/cultura
23/01/2024 às 10:00•2 min de leitura
Nas missões espaciais, a busca por água sempre foi uma grande propulsora. Isso considerando que há uma grande variedade de composições no universo e que, ao encontrar água, aumentaria de forma significativa a possibilidade de identificar formas de vida tais como as conhecemos.
Naturalmente, pode-se dizer que essa procura esteve bastante presente nas expedições à Lua, o que acabou rendendo algumas descobertas sobre o satélite natural. Dentre elas, que a Lua não seria nada úmida, pelo contrário, já que as evidências indicavam uma superfície desprovida de água.
Mas a partir de 2008, quando partículas de água e outras substâncias voláteis foram localizadas em amostras, essa percepção foi questionada. E desta vez, uma descoberta recente está convergindo para um novo entendimento e obrigando cientistas a se questionarem novamente: será que, afinal de contas, havia água escondida na Lua?
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Uma pesquisa publicada na revista Nature Astronomy no último dia 15 trouxe novas perspectivas nesse sentido. O estudo tomou como ponto de partida a análise de um meteorito lunar, identificado como Península Arábica 007, que pertencia a uma coleção particular. Ele oferece uma indicação de como a crosta lunar era composta antigamente, antes de apresentar a formação atual.
Isso porque, diferente do que se pensava, a crosta lunar seria mais rica em compostos voláteis que o esperado no início da sua história. Essa constatação surge a partir da identificação de um mineral conhecido como apatita — foi a primeira vez em que ele foi identificado em uma amostra da Lua.
Tara Hayden, geocientista nuclear que liderou o estudo, comentou sobre o trabalho realizado: "descobrimos que a crosta inicial da Lua era mais rica em água do que esperávamos, e os seus isótopos estáveis e voláteis revelam uma história ainda mais complexa do que conhecíamos antes".
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Agora fica mais difícil negar que possa haver água oculta na superfície lunar, já que esse mineral sugere que havia presença de água na Lua há mais de 4 bilhões de anos. "Podemos finalmente começar a juntar as peças deste estágio desconhecido da história lunar", comemora Hayden, em comunicado oficial.
Nas amostras obtidas a partir das missões Apollo, cientistas haviam concluído justamente o contrário, que se tratava de uma área pobre em substâncias voláteis, como hidrogênio, cloro e carbono, em comparação com a Terra. Seria justamente a presença delas que indicaria a existência de água, fazendo com que a impressão de que o satélite fosse "seco" prevalecesse por décadas.
Vale destacar que com essa descoberta do mineral apatita, pesquisadores passam a considerar que a superfície lunar é composta por materiais que variam de região para região, ou seja, que cada área do satélite possui suas particularidades e que estas contam histórias diferentes. Para avançar numa maior compreensão, no entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido.