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30/01/2024 às 04:30•2 min de leitura
Oito crateras gigantes com 50 metros de profundidade, localizadas no permafrost siberiano, têm confundido os cientistas desde a sua descoberta há mais de uma década. No entanto, uma nova teoria pode finalmente explicar como elas se formara. As crateras são exclusivas das penínsulas Yamal e Gydan, no norte da Rússia, e não se sabe se existem em outras partes do Ártico.
Por esse motivo, os pesquisadores acreditam que a chave para esse quebra-cabeça pode estar na paisagem local. Ao longo dos anos, os investigadores propuseram várias explicações para os buracos, desde impactos de meteoros até explosões de gás natural. Contudo, novos modelos de análise sugerem outra explicação.
(Fonte: Vasily Bogoyavlensky/AFP)
Uma teoria antiga sugere que essas crateras se formaram no lugar de lagos históricos que antes borbulhavam com gás natural, o qual subia do permafrost abaixo. Esses lagos, contudo, teriam secado, expondo o solo abaixo a temperaturas congelantes que selaram as aberturas pelas quais o gás escapava. A acumulação de gás resultante no permafrost pode eventualmente ter sido liberta mediante explosões que criaram as crateras gigantes.
Porém, esse modelo não leva em conta que essas "crateras de escape gigantes" (GECs) são encontradas em uma variedade de configurações geológicas nas penínsulas e nem todas já foram cobertas por lagos. Estudos anteriores também ligaram as crateras às acumulações de gás natural no permafrost, mas não conseguiram explicar o porquê dos buracos só serem encontrados no norte da Rússia.
O permafrost nas penínsulas de Yamal e Gydan varia amplamente em sua espessura, podendo atingir até 500 metros. O solo provavelmente congelou há mais de 40 mil anos, aprisionando antigos sedimentos marinhos ricos em metano que gradualmente se transformaram em vastas reservas de gás natural. Estas reservas, por sua vez, produzem calor que derrete o gelo por baixo, deixando bolsas de gás na sua base.
(Fonte: Vasily Bogoyavlensky/AFP)
De acordo com os pesquisadores, o permafrost na Rússia e noutros lugares do planeta está derretendo na superfície devido às alterações climáticas. Em locais onde já era rarefeito nas penínsulas de Yamal e Gydan, o derretimento em ambas as extremidades e a pressão do gás podem eventualmente causar o colapso do permafrost restante, provocando uma explosão.
Esse fenômeno foi batizado de "efeito champanhe", o que explicaria a presença de crateras menores em torno das oito crateras gigantes — uma vez que enormes pedaços de gelo expelidos pelas explosões podem ter amassado gravemente o solo. Também pode haver mais crateras do que os cientistas atualmente conhecem, uma vez que a água e os sedimentos provavelmente preencheram alguns dos buracos ao longo do tempo.
A liberação de gás natural e metano proveniente destas explosões poderá ativar um ciclo de "feedback climático" se as temperaturas globais continuarem a subir e acelerar o derretimento do permafrost. Estima-se que 1,9 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa (GEEs), incluindo dióxido de carbono e metano, estejam armazenados nesta parte do Ártico.