Será que os astronautas em Marte terão uma percepção diferente da passagem do tempo?

03/02/2024 às 06:002 min de leitura

Com as agências espaciais cada vez mais preparadas para enviar os primeiros seres humanos até Marte, alguns questionamentos vêm se tornando mais frequentes. Por exemplo, os astronautas que lá estiverem experimentarão a dilatação do tempo e terão uma percepção do passar das horas diferentes dos humanos que estiverem na Terra? Conforme os pesquisadores, a resposta é sim.

Mas de quanta dilatação estamos falando? Primeiramente, precisamos entender que o tempo passa em taxas diferentes para diferentes observadores, dependendo de suas velocidades relativas e de sua proximidade de campos gravitacionais próximos. Logo, a dilatação do tempo é a diferença entre o tempo decorrido em dois relógios devido a essas causas, conforme já foi descrito pelas leis da relatividade especial e relatividade geral.

Influência da gravidade

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

A gravidade é a grande responsável por curvar o espaço-tempo. E o que isso quer dizer? Quanto mais forte a gravidade estiver perto de você e quanto mais próximo você estiver da massa que a cria, mais lento o tempo se moverá no ponto de vista de um observador, ou de alguém vendo tudo de fora. Da sua perspectiva, no entanto, o tempo terá corrido na sua velocidade normal.

É assim, por exemplo, que seus pés tendem a envelhecer menos do que a sua cabeça, relativamente falando. Quanto mais nos afastamos da gravidade da Terra, como no topo de um arranha-céu, mais impactante será o efeito da dilatação do tempo em comparação com os observadores no solo.

Logicamente, o efeito não é enorme para distâncias mundanas, caso contrário pessoas que moram em andares muito altos viveria mais tempo do que o restante da população do planeta. Em média, isso representa apenas uma pequena fração de nanossegundo por ano. Para astronautas que vivem em ambientes de gravidade zero durante longos períodos, no entanto, os efeitos são maiores.

Astronautas e percepção de tempo

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Tendo em vista que os astronautas viajam para lugares com menor gravidade e totalmente distantes da Terra, é de se imaginar que o tempo passa muito mais devagar para eles do que para nós, não é mesmo? Efetivamente, esse fenômeno é anulado pela velocidade a que os viajantes espaciais tendem a viajar pelo universo.

"Como os astronautas e os satélites que orbitam a Terra estão um pouco mais distantes do centro do planeta (em comparação com as pessoas no solo), eles realmente experimentam menos dilatação do tempo gravitacional. Por si só, isso significaria que o tempo dos astronautas correria mais rápido", disse o astrônomo Colin Stuart para o Ted Ed.

Segundo o pesquisador, contudo, esse efeito é bastante pequeno porque a gravidade da Terra é bastante fraca. Isso faz com que a dilatação do tempo vença e os astronautas viajem uma pequena quantidade para o futuro.

Um exemplo disso é o cosmonauta Sergei Krikalev, que ficou preso no espaço por 803 dias, 9 horas e 39 minutos enquanto a União Soviética se dissipava na Terra. De acordo com os cálculos, ele teria tecnicamente viajado 0,02 segundos para o futuro. Idas para Marte em viagens de 21 meses, os astronautas certamente experimentarão pequenas dilatações no tempo.

Porém, embora as velocidades utilizadas para chegar até lá sejam mais rápidas do que qualquer humano já vivenciou na história, em comparação com a velocidade da luz — onde os efeitos da dilatação do tempo são extremamente pronunciados —, tudo segue sendo basicamente insignificante. 

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