Ciência
18/12/2018 às 03:00•2 min de leitura
Se você sempre pensou em uma desculpa para faltar àquela palestra que parecia chata, aqui vai a desculpa ideal: é cientificamente comprovado que você não consegue aprender nada durante palestras. O segredo para que um grupo de pessoas assimile melhor a informação que um palestrante – ou professor – está passando é promover atividades diferentes a cada dez minutos.
Um estudo recente, cujo resultado foi publicado na coluna Science Insider, provou que alunos universitários têm 1,5 vezes mais chances de não aprender um conteúdo quando estão em palestras ou aulas feitas com monólogos.
“Universidades foram fundadas na Europa Ocidental em 1050 e palestrar tem sido a forma predominante de ensinar desde então”, disse o biólogo Scott Freeman, da Universidade de Washington. Apesar de a regra ser, de fato, aplicada até hoje, durante esse tempo muitos educadores passaram a desenvolver novos métodos para ensinar ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O argumento sempre foi o de que estimular os alunos a perguntarem e participarem sempre trouxe bons resultados.
Para comprovar essas informações, Freeman e um grupo de colegas analisaram 225 estudos sobre métodos de ensino utilizados em aulas voltadas a estudantes universitários. O resultado dessa análise concluiu que ensinar de maneira mais próxima aos alunos os torna mais participativos, o que é melhor do que monologar diante de uma turma de ouvintes passivos.
Aliás, esse tipo menos monótono de educação reduz pela metade as chances de um aluno tirar notas ruins. O físico Eric Mazur, da Universidade de Harvard, disse que é quase antiético saber dessas diferenças entre métodos de ensino e não mudar a forma de ensinar. Ele acredita que essa superanálise prova que palestras são ineficientes e ultrapassadas.
Não há, ainda, uma forma totalmente correta de dar aulas. O que se sabe é que faz perguntas aos alunos, chamá-los individualmente ou em grupo para participar de discussões e, inclusive, pedir para que eles expliquem aos colegas alguma parte do conteúdo é, certamente, eficiente na hora de aprender.
Freeman afirma usar essas técnicas mesmo em grupos com muitos alunos. Segundo ele, uma de suas aulas chega a ter até 700 universitários e mesmo assim, ela não é feita de silêncio absoluto – muito pelo contrário: ele interage com os acadêmicos e consegue deixá-los à vontade para elaborar perguntas.
Já o professor Noah Finkelstein, da Universidade do Colorado, acredita que essa análise não quer dizer que as palestras devem ser abolidas por completo. Segundo ele, em alguns momentos é preciso fazer abordagens menos dinâmicas com os alunos. E aí, o que você prefere: aulas nas quais o só o professor fala ou aprender mais quando há participação de todos?
*Publicado em 23/12/2016