Ciência
15/04/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 15/04/2024 às 09:00
Obtida através da liberação de força pelo núcleo de átomos cujas partículas se desintegram, a energia nuclear é reconhecida universalmente como uma importante alternativa aos combustíveis fósseis. Aspectos relacionados à questão ambiental, como a baixa emissão de poluentes, e econômicas, em virtude de seu baixo custo de operação, tornam ela objeto dos mais variados usos.
Ainda temos em mente a finalidade assustadora dada pelo ser humano, como nas bombas nucleares, ou os desastres em usinas nucleares. No entanto, o uso de tecnologia nuclear teve, ao longo de nossa história, algumas aplicações bastante inusitadas – e até mesmo curiosas.
A dor crônica é um problema que afeta parcela considerável da população. Enquanto nos Estados Unidos, as farmacêuticas desenvolvem remédios potentes (e viciantes) para sanar essas dores, no Japão foi desenvolvido um método inusitado: banhos radioativos. Uma casa de banhos oferece a seus clientes a oportunidade de mergulhar em água exposta ao elemento químico rádio, amplamente utilizado na medicina.
Pacientes com artrite e demais doenças degenerativas têm relatado alívio nas dores a partir de tratamentos de spa com o gás. Importante frisar que a dose é baixa e o tempo de tratamento reduzido.
Durante a Segunda Guerra Mundial, vimos pela primeira vez o uso de uma bomba nuclear contra civis. Porém, essa não foi a única ideia colocada em prática durante o confronto. Militares norte-americanos criaram a Operação Fantasia, cujo objetivo era contaminar raposas com tinta radioativa para explorar uma superstição dos japoneses.
A partir do folclore local, criariam pânico fazendo surgir os kitsune, uma espécie de raposa mística. A ideia é que as raposas brilhariam no escuro em virtude da radioatividade, causando pânico entre os militares japoneses. Foram pintadas 30 raposas em um teste, mas o projeto foi abandonado por ser considerado de difícil execução.
Em 1965, a União Soviética decidiu que queria criar um novo lago. A solução para isso? Explodir uma bomba atômica de 140 quilotons, ou seja, 10 vezes mais potente que a lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima, sobre uma região no Cazaquistão. A ideia era conseguir tornar um leito de rio seco em um novo lago.
O sucesso foi total, com água sendo extraída de um rio próximo à explosão. Conhecido popularmente como "Lago Atômico", é considerado seguro e pode ser frequentado, apesar de ser extremamente radioativo. O Lago Chagan apareceu na série documental Turismo Macabro, disponível na Netflix.
Associamos a radiação nuclear com mutações, até mesmo em alimentos, mas a verdade é que a energia nuclear tem a capacidade de prolongar a vida útil dos alimentos. A radiação ionizante não prejudica os alimentos, além de conseguir matar microrganismos.
Na prática, ela faria com que bactérias responsáveis pelo apodrecimento de frutas e outros tipos de alimentos não se proliferassem, permitindo que permanecessem frescos por um tempo maior. Essa radiação também é eficaz contra insetos e larvas.
Urtabulak é um campo de gás natural localizado na região sul do Uzbequistão, próximo à fronteira com o Turcomenistão. Durante o período em que fazia parte da União Soviética, no ano de 1966, o local passou por uma explosão, interrompida pelo governo soviético a partir do uso de uma bomba nuclear.
Foram longos três anos de um incêndio que parecia ficar cada vez mais fora de controle, ainda que as autoridades fizessem todos os movimentos para apagá-lo. A última opção foi colocar uma bomba de 30 quilotons próximo ao respiradouro que estava em chamas. A explosão foi bem-sucedida, selando o poço por completo e não havendo nenhum vazamento de radiação.