Ciência
18/10/2024 às 20:00•4 min de leituraAtualizado em 18/10/2024 às 20:00
As constelações sempre despertaram fascínio nos seres humanos. Ao olhar para o céu, nossos ancestrais viam mais do que pontos brilhantes. Eles enxergavam histórias, lendas e figuras mitológicas, usando as estrelas como inspiração para explicar fenômenos naturais ou preservar suas tradições.
As histórias de origem das constelações são um reflexo dessa necessidade humana de encontrar padrões no universo. Aqui estão seis histórias fascinantes que envolvem algumas das constelações mais icônicas que povoam o nosso céu noturno.
A lenda das constelações de Ursa Maior e Ursa Menor é uma das mais antigas e influentes e tem origem grega. Ela envolve Zeus, que se apaixonou por Calisto, uma ninfa da comitiva de Ártemis. Certo dia, Zeus andava com Calisto pela floresta quando avistou sua esposa, Hera, vindo em sua direção. Para esconder a ninfa, transformou-a em um urso.
Hera, que não era boba, imaginou que aquilo fosse uma possível traição e forçou Zeus a retornar com ela para o Olimpo, impossibilitando que Calisto tivesse o feitiço desfeito. Assim, a ninfa agora era um urso perambulando pela floresta.
Foi aí que o hábil caçador Arcas, ao ver o urso, disparou sua flecha e matou o animal. A tragédia se revelaria ainda maior quando Arcas, ao ver o feitiço passar e o urso se transformar em uma ninfa, percebeu que se tratava de Calisto, sua mãe.
Após Arcas começar a chorar de maneira ensurdecedora, Zeus vem ao seu encontro e coloca Calisto no céu, transformando-a na constelação de Ursa Maior. Em seguida, põe Arcas na companhia da mãe, formando a constelação de Ursa Menor.
A constelação de Câncer pode não ter o brilho de outras, mas sua história é marcada por um dos maiores heróis da mitologia grega: Hércules. Durante a batalha épica contra a Hidra de Lerna, Hera, inimiga declarada de Hércules, enviou um caranguejo para atrapalhá-lo.
No entanto, o animal foi facilmente derrotado pelo herói. Mesmo assim, Hera, em um gesto de lealdade ao crustáceo, colocou-o no céu, formando a constelação de Câncer. A falta de estrelas brilhantes na constelação simboliza o fracasso da criatura em sua missão, mas também sua imortalização nos céus por seu breve momento de glória.
As constelações de Cão Maior (Canis Major) e Cão Menor (Canis Minor) carregam consigo uma história paradoxal. Segundo a lenda, tudo começou com a Raposa Teumessiana, um animal destinado a jamais ser capturado. Como a raposa estava causando problemas na região, foi convocado o cão Laelaps, que, por outro lado, tinha como destino sempre capturar sua presa.
Esse impasse colocou o destino dos dois em risco, criando uma situação sem saída. Afinal, como seria possível um mundo em que uma raposa que nunca pode ser capturada fosse atacada, ou um cão que nunca falha em capturar sua presa acabasse falhando?
Para evitar que o equilíbrio cósmico fosse destruído, Zeus os transformou primeiramente em pedra, para depois os colocarem no céu, onde estariam condenados a correr eternamente, sem nunca alcançar um ao outro. Assim nasceram as constelações de Cão Maior (cão Laelaps) e Cão Menor (Raposa Teumessiana).
A constelação de Peixes surge de uma lenda que envolve a deusa Afrodite e seu filho Eros. Quando o monstro Tifão, uma das criaturas mais temíveis da mitologia grega, atacou os deuses, Afrodite e Eros fugiram para o rio Eufrates. Lá, foram salvos por dois peixes, que os levaram para um local seguro.
Há outra vertente que diz que, na verdade, os dois peixes eram os próprios Afrodite e Eros. Eles teriam entrado no rio e se metamorfoseado nos peixes.
De qualquer forma, a lenda diz que os peixes foram colocados no céu como recompensa pelo ato heroico. A história de Peixes nos lembra de que até os seres mais modestos podem realizar grandes feitos e, assim, ganhar um lugar entre as estrelas.
A constelação de Ofiúco está associada ao deus Asclépio, conhecido por suas habilidades curativas (tanto que faz parte do símbolo da medicina). Filho de Apolo, Asclépio foi tão talentoso na arte da cura que conseguiu até mesmo trazer os mortos de volta à vida. Esse poder, no entanto, incomodou Hades, o deus do submundo, que temia que seu reino se esvaziasse.
Por isso, Zeus, preocupado com o equilíbrio do cosmos, matou Asclépio com um raio. Como forma de compensação, o colocou no céu como Ofiúco, o portador da serpente, em homenagem ao símbolo da medicina que até hoje é associado a ele. Essa constelação é uma das menos conhecidas, mas guarda uma história de cura e sacrifício.
Órion era um caçador habilidoso, tão confiante de suas capacidades que se vangloriou de que poderia exterminar todas as criaturas da Terra. Gaia, a deusa da Terra, ficou indignada com essa arrogância e criou um escorpião para detê-lo.
O escorpião conseguiu envenenar Órion, que morreu. Asclépio — o mesmo que virou a constelação de Ofiúco —, matou o escorpião com um pisão.
É aqui que Zeus entra novamente em cena e coloca nos céus em lados opostos, para que, quando um subisse, o outro se escondesse. Essa perseguição eterna simboliza o ciclo de morte e renascimento, com Órion sempre fugindo de sua derrota, enquanto o Escorpião surge triunfante.
Órion é uma das constelações mais conhecidas e facilmente identificáveis no céu.