Análise genética pode explicar como tubarão vive 400 anos!

16/10/2024 às 10:002 min de leituraAtualizado em 16/10/2024 às 10:00

O que é mais ameaçador do que um tubarão? Talvez um tubarão de 400 anos que desenvolveu uma maneira de duplicar seus genes de reparo do DNA de tal forma que eles corrigem os danos ocorridos na estrutura genética, de forma duplamente eficaz. Esse animal existe: é o tubarão-da-groenlândia (Somniosus microcephalus), vertebrado de vida mais longa do planeta.

Uma pesquisa recente, ainda não revista por pares e hospedada no repositório de preprints bioRxiv, apresenta uma montagem em nível de cromossomos com uma visão completa da estrutura genética do tubarão. Ao comparar sua montagem com a de outros genomas públicos de tubarão, os autores buscaram pistas dos motivos da longevidade desse "primo" gelado.

Em um comunicado de imprensa, o primeiro autor do artigo, Arne Sahm, da Faculdade de Biologia e Biotecnologia da Universidade Ruhr Bochum, na Alemanha, explica que "A análise dos dados sugere que o reparo aprimorado do DNA pode desempenhar um papel importante em sua extrema longevidade", conclui o professor.

O mapeamento genético do tubarão-da-groenlândia

x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O genoma do tubarão é mais que o dobro do humano. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A primeira dificuldade encontrada no projeto de montagem cromossômico do tubarão foi o tamanho avantajado do seu genoma. O código genético do bicho é mais que o dobro do humano, chegando a 6,5 bilhões de pares de base.

A sequência do genoma e todos os recursos correspondentes na web foram disponibilizados pelos autores na internet, para que pesquisadores do mundo inteiro possam analisar os genes de interesse na versão do tubarão-da-groenlândia.

O que os pesquisadores descobriram do tubarão de 400 anos?

x. (Fonte: Hemming1952/Wikimedia Commons)
O DNA do tubarão mostrou uma alteração na proteína p53, importante supressor de cânceres. (Fonte: Hemming1952/Wikimedia Commons)

Além de ter um genoma maior do que qualquer outro tubarão, a pesquisa afirma que esse conjunto de genes está repleto de elementos repetitivos e muitas vezes autorreplicantes. Eles são transportáveis, ou seja, movem-se de um local no genoma para outro, sendo chamados de "saltadores ou "egoístas", pois podem suspender a função normal do gene.

A preponderância de "saltadores" (70%) no genoma do S. microcephalus, que poderia ser teoricamente considerada prejudicial, pois pode interferir nas funções genéticas normais, foi avaliada como positiva pelos pesquisadores, pois pode auxiliar a adaptação ou a resistência do organismo. Isso poderia permitir que outros genes assumam o comando da maquinaria molecular que usam para se multiplicar.

Os autores especulam que o tubarão-da-groenlândia evoluiu um sistema para duplicar genes de reparo do DNA para ajudá-los a corrigir de forma mais eficiente os danos da estrutura genética. Essa é uma marca registrada da “senescência insignificante”, termo aplicado em animais que parecem ter escapado da deterioração dependente da idade. 

A equipe também encontrou uma alteração na proteína p53, importante supressor de tumor que sofre mutações em metade dos cânceres humanos.

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