Saúde/bem-estar
01/04/2024 às 14:15•3 min de leituraAtualizado em 01/04/2024 às 14:15
O asteroide Bennu contém um material extremamente raro em rochas espaciais, além de evidências de elementos essenciais para o surgimento da vida na Terra. É o que afirmam os cientistas responsáveis pelas primeiras análises das amostras do objeto celeste coletadas pela missão OSIRIS-Rex da NASA em 2020.
Detalhes a respeito da composição do Bennu foram revelados durante a Conferência de Ciência Lunar e Planetária no dia 13 de março em Houston, no Texas (Estados Unidos). A presença surpreendente de um reservatório de fosfato de magnésio foi um dos pontos destacados.
Conforme a professora do Laboratório Lunar e Planetário, Jessica Barnes, a equipe inicialmente acreditou se tratar de um “material contaminante”, devido à raridade destas partículas em rochas vindas do espaço. Bastante frágil, o mineral geralmente desaparece durante a entrada na atmosfera terrestre ou logo após o impacto.
Para a líder da análise das substâncias fosfatadas, a presença deste material raro nas amostras do asteroide pode ajudar a desvendar os segredos por trás das atividades geológicas do “pai do Bennu”. Os pesquisadores acreditam que ele é parte de uma rocha muito maior, da qual teria se separado há cerca de 2,7 bilhões de anos.
Entre os materiais detectados nas amostras, também foram encontradas quantidades consideráveis de glicina, aminoácido essencial na produção de proteínas, e minerais ricos em água como carbonatos, olivina, sulfitos e magnetita. Todos são tratados como evidências de que o pedaço principal e maior possuía boas quantidades de água.
Pesquisas feitas por outros cientistas com acesso ao material identificaram, ainda, filossilicatos e mais minerais orgânicos e ricos em água. Isso reforça os resultados das análises preliminares conduzidas por especialistas do Centro Espacial Johnson, da NASA, assim que as amostras pousaram na Terra, em setembro de 2023.
As investigações começaram pelos detritos que vazaram do coletor de amostras da espaçonave. O acesso completo foi liberado apenas em janeiro deste ano, após a remoção de dois parafusos que travavam a tampa do recipiente, quando foram catalogadas 121,6 g de material, bem mais do que o previsto inicialmente.
Na ocasião, a agência espacial relatou ter descoberto evidências de “alto teor de carbono e água” utilizando microscópio eletrônico de varredura, medições de infravermelho e análise de compostos químicos, entre outras técnicas. A tomografia computadorizada por raios X também auxiliou na avaliação da composição dos detritos espaciais.
Uma das hipóteses sobre a origem da vida no nosso planeta é que ela teria surgido a partir do impacto de um asteroide ou meteoro. A queda da rocha espacial pode ter espalhado partículas orgânicas fundamentais para a vida na Terra primitiva, contribuindo com as condições ideais para que ela se desenvolvesse.
Os filossilicatos detectados no Bennu estão ligados à presença de água nos corpos celestes que caem no planeta, como observa o Live Science. Suspeita-se que eles sejam uma das primeiras moléculas vindas do espaço para semear a vida na Terra.
Daí vem a importância de estudar a composição do asteroide por meio de amostras que não sofreram a mesma degradação das rochas recuperadas após impactos. Conforme a NASA, os estudos do material nas próximas décadas permitirão revelar segredos da formação do sistema solar, como as substâncias precursoras da vida foram semeadas e a prevenir colisões catastróficas.
“Quase tudo o que fazemos na NASA procura responder a perguntas sobre quem somos e de onde viemos. Missões da NASA como a OSIRIS-REx melhorarão nossa compreensão dos asteroides que podem ameaçar a Terra, ao mesmo tempo em que nos dará um vislumbre do que está além”, declarou o administrador da agência espacial, Bill Nelson, em comunicado.
Descoberto no dia 11 de setembro de 1999, o asteroide Bennu tem cerca de 500 m de diâmetro e vem sendo observado com atenção pelos astrônomos desde então. Cálculos recentes sugerem que ele vai passar próximo da Terra nos anos de 2060 e 2135, mas sem trazer riscos.
Uma nova aproximação está prevista para 2182 e, neste caso, há uma pequena chance de impacto, classificando o objeto celeste como “potencialmente perigoso”. Estima-se a chance de queda de uma em 2.700 para a ocasião, mas até lá a NASA pretende ter desenvolvido formas seguras de desviar o curso de rochas espaciais em rota de colisão, acionando-as se necessário.