Artes/cultura
26/08/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 26/08/2024 às 10:00
Um novo estudo revelou que astrólogos são, surpreendentemente, muito confiantes em suas habilidades, mas se saem terrivelmente mal ao tentar aplicar seus conhecimentos. Mesmo com todo o charme e mistério que a astrologia ainda exerce sobre uma parcela significativa da população de todo o mundo, quando colocados à prova, os astrólogos não conseguem demonstrar habilidades superiores ao puro acaso.
Isso não surpreende a ciência, pois muitos testes já mostraram que a astrologia não consegue prever eventos ou descrever a personalidade de alguém com precisão. No entanto, a forma como esses resultados foram alcançados agora destaca a diferença entre simplesmente acreditar em algo e realmente provar que funciona.
Pesquisadores liderados por Spencer Greenberg, da Clearer Thinking, conduziram um experimento intrigante. Eles pediram a 152 astrólogos experientes que analisassem informações detalhadas sobre a vida e a personalidade de doze pessoas e, com base nisso, identificassem qual mapa astrológico correspondia a cada indivíduo.
A expectativa era de que os astrólogos se saíssem melhor do que um simples chute, já que estavam lidando com um dos pilares centrais de sua prática: a leitura de mapas astrológicos. Contudo, os resultados foram um verdadeiro balde de água fria.
Os astrólogos acertaram em média apenas 2,49 das 12 combinações, um desempenho praticamente idêntico ao esperado pelo acaso. Mesmo aqueles que se declararam “especialistas de classe mundial” não tiveram um desempenho significativamente melhor que os outros. Além disso, houve pouca concordância entre os próprios astrólogos sobre qual mapa pertencia a cada pessoa, o que levanta sérias dúvidas sobre a consistência da prática astrológica.
A astrologia, embora hoje desacreditada pela ciência, teve grande relevância no passado, com figuras como Johannes Kepler, que era tanto astrônomo quanto astrólogo. Apesar da perda de credibilidade ao longo do tempo, a astrologia ainda cativa o imaginário popular, com muitos consultando horóscopos para decisões importantes — o que não faz o menor sentido do ponto de vista científico.
A crença na astrologia nunca foi confirmada cientificamente. Em um grande estudo, o Dr. David Voas analisou 20 milhões de casais na Inglaterra e no País de Gales e não encontrou nenhum padrão de compatibilidade entre signos. Voas concluiu que, se houvesse alguma influência, o estudo a teria detectado, mas não havia nada.
Curiosamente, a confiança excessiva dos astrólogos é um fenômeno comum em muitas áreas. Quando alguém acredita profundamente em algo, a tendência é que essa confiança aumente, mesmo diante de evidências contrárias.
O estudo de Greenberg mostrou exatamente isso: mesmo quando os resultados indicavam um fracasso, muitos astrólogos acreditavam que tinham se saído bem. Esse efeito psicológico, conhecido como viés de confirmação, faz com que as pessoas procurem por evidências que reforcem suas crenças, ignorando as que as contradizem.
Mas, se a astrologia é tão falha, por que ainda atrai tanta gente? Parte da resposta pode estar no conforto que ela oferece. Em um mundo cheio de incertezas, a ideia de que as estrelas podem nos guiar é reconfortante.
Além disso, a astrologia tem uma maneira de se adaptar às circunstâncias. Quando não acerta no destino, foca na personalidade, e como nossas personalidades são complexas, é fácil encontrar algo que se encaixe em descrições vagas e elogiosas.