Artes/cultura
18/05/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 18/05/2024 às 14:00
O sistema de comunicação das baleias cachalote pode ter semelhanças com a linguagem humana, de acordo com pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. O grupo afirma ter descoberto um “alfabeto fonético” a partir dos sons emitidos pela espécie Physeter macrocephalus.
Em artigo publicado na Nature Communications, no dia 7 de maio, os autores afirmam que a comunicação do animal, que tem o maior cérebro do mundo, parece ser mais complexa do que se imaginava. Eles usaram sensores e equipamentos de gravação para monitorar um clã de 400 cachalotes no mar do Caribe entre 2005 e 2018.
O material foi analisado com o auxílio de ferramentas de inteligência artificial avançadas, permitindo verificar padrões sonoros repetitivos nas “vozes” de pelo menos 60 membros do clã. A equipe notou algumas diferenças em relação a estudos anteriores, identificando novos elementos na interação.
As comunicações entre as cachalotes se dão por meio de padrões sonoros repetitivos chamados de codas, sendo o mais comum deles no formato “1+1+3”, em que os dois primeiros cliques (estalos) são seguidos por outros três mais rápidos. Nesta nova investigação, a IA descobriu muito mais cliques do que antes.
De acordo com os pesquisadores, o alfabeto fonético das cachalotes inclui uma variação entre os cliques, acelerando ou diminuindo o ritmo de cada coda, o que foi chamado de rubato. Também há a possibilidade de que elas adicionem um estalo extra ao final das codas, elemento descrito como ornamentação.
Combinados livremente com o ritmo e o andamento, em analogia à terminologia musical, rubato e ornamentação formam um sistema de comunicação capaz de gerar um enorme repertório de vocalizações. Ainda conforme o estudo, essas variações nas conversas das baleias dependem do contexto da interação entre elas.
“Este artigo mostra que a comunicação das cachalotes tem algumas das mesmas características estruturais dos sistemas de comunicação mais sofisticados do reino animal. Estamos entusiasmados para começar a estudar como ele é usado para transmitir significado”, declarou o professor do MIT, Jacob Andreas, ao site da Iniciativa de Tradução Cetácea (Projeto CETI).
Traduzir a linguagem das cachalotes é o próximo desafio da pesquisa, após a descoberta do alfabeto das baleias. Porém, essa será uma tarefa complicada, pois envolve identificar o contexto em que as interações do grupo acontecem.
Uma das ideias é combinar as vocalizações com comportamentos específicos, o que pode ajudar até mesmo na conservação da espécie. Vale lembrar que a Physeter macrocephalus ainda se recupera da caça realizada nos séculos XIX e XX enquanto enfrenta novas ameaças.